São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Rotina de executivos e consultores muda com a criação da URV

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

As dúvidas causadas pelo texto da medida provisória 434 foram responsáveis por uma série de transtornos na rotina dos executivos e consultores. Os atropelos afetaram até quem vinha se preparando há algum tempo. "Cancelei meus compromissos e me reuni com os gerentes da área para analisar cada artigo relacionado com nosso trabalho", afirma Almiro dos Reis Neto, 35, diretor de RH do Mc Donald's.
A quantidade de interrogações que chegaram à consultoria Trevisan levou a empresa a optar pela organização de um fórum de debates. E o que poderia ser um alívio para os 111 participantes, se transformou em tormenta para alguns profissionais da casa.
Com uma equipe de cinco auxiliares, Márcio Martins Villas, 50, diretor do Instituto Trevisan de Treinamento, teve prazo de cinco dias para montar o evento. O trabalho não poupou sábado nem domingo. "Não houve sossego nem nos momentos de descanso."
No mesmo domingo em que Villas trabalhou até as 23 horas, o diretor de comercialização do Grupo Pão de Açúcar, José Roberto Tambasco, 37, preferiu assistir ao clássico Corinthians X São Paulo. "Ir ao estádio foi a solução que encontrei para esquecer plano e a URV", diz ele, que passou a semana orientando fornecedores e entrevistando –junto com outros diretores– um total de 400 clientes nos supermercados da rede. "Passamos horas avaliando as respostas dos consumidores, inclusive durante o sábado."
A angústia dos executivos por mais informações pode ser calculada pelo movimento verificado no Grupo IOB, de assessoria empresarial, nos dias seguintes à divulgação do plano. Foram 3.500 consultas diárias por telefone –1.400 a mais que em dias normais. O número de fax com perguntas triplicou, assim como a procura pessoal, que chegou a 150 visitas.
A solução foi o improviso: consultores invadiram a biblioteca para atender os clientes e 15 responsáveis por cursos externos foram chamados para São Paulo. "Na véspera da divulgação do plano, sonhei a noite toda com números", afirma Sílvio Heider, 38, supervisor da área trabalhista e previdenciária do Grupo IOB.
Mas há quem diga que passou incólume à MP 434, principalmente na área financeira. "Não tivemos problemas nem no departamento pessoal", afirma Maurício Schulman, 62, presidente do conselho administrativo do Bamerindus. "Nossa rotina só deve alterar um pouco quando ocorrer a conversão da moeda para o real", completa. (DCM)

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