São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Artista espanhol pinta as cores da Fórmula 1

Carros são os personagens de exposição em São Paulo

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 1988 o valenciano Juan Besó Mateo cumpre um ritual peculiar. Escolhe uma corrida qualquer, coloca a fita no vídeo, prepara uma tela e começa a pintar. Com as mãos. Um pouco hoje, outro pouco amanhã e, em uma semana, em média, está pronta mais uma peça de sua coleção de óleos sobre Fórmula 1. Hoje já são cerca de 50. Invariavelmente o personagem central é um carro.
Até o final de março, 25 dos quadros desse espanhol que foi gerente do departamento de design da GM estarão expostos na sua própria galeria, a Expert Art Gallery, no Itaim Bibi. "Quero dedicar o espaço à arte do automóvel, com óleos, aquarelas, tudo que for ligado a carros", diz Mateo, radicado no Brasil desde 1961.
Não é a primeira vez que o pintor expõe suas obras. Há dois anos, montou uma mostra no Hotel Transamérica. Também em 92, expôs os trabalhos em Barcelona. Lá, eram vendidos a preços que chegavam a US$ 2 mil. Aqui, quem se interessar vai pagar entre US$ 400 e US$ 700.
O estilo de Mateo, 61, é abstrato-figurativo. Ele trabalha principalmente o binômio cor-velocidade. "Quando eu estou pintando, parece até que escuto o barulho dos carros", diz.
A beleza das telas de Mateo está, de fato, no uso das cores. Por isso mesmo os carros que ele mais gosta de pintar são os McLaren, Benetton e Ferrari. "O novo Williams, azul e branco, é inexpressivo. Vai ser um desafio", prevê. Fã de Ayrton Senna, ele já presenteou o piloto com um retrato em 91.
O pintor diz que os carros, em seus trabalhos, "fazem parte da composição do quadro". Ele tenta fugir dos detalhes que identificam cada máquina, mas não consegue. "A minha tendência é mesmo detalhar. Mas aí eu 'rasgo' para dar uma sensação maior de velocidade", explica.
Na exposição há carros da Ferrari, McLaren, Minardi, Brabham, Leyton House, Benetton, Williams e um Penske de Emerson Fittipaldi. A relação com o "Rato" vai além das telas. Mateo fez parte da equipe de design do Copersucar, o carro brasileiro de F-1 que fracassou nos anos 70 e 80.
Para o futuro, Mateo planeja pintar F-1 antigos e produzir uma coleção com as máquinas mais marcantes de pilotos famosos –Senna na McLaren, Prost na Ferrari e Mansell na Williams.
Para quem achou salgado o preço dos óleos, Mateo avisa que, em abril, suas obras serão reproduzidas em gravuras, em edições limitadas de até 50 exemplares. O preço: de US$ 70 a US$ 100.

Expert Art Gallery, r. Pedroso Alvarenga, 1.170 –Itaim Bibi (zona sul de São Paulo). Maiores informações pelo telefone (011) 851-5455

Texto Anterior: McEnroe é o destaque em 1977 e bate Lendl
Próximo Texto: Senna diz que Schumacher não surpreendeu
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.