São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Religião gerou discriminação

THAÍS OYAMA
DA ENVIADA ESPECIAL

A segregação dos burakumins no Japão teve origem em dois preceitos religiosos: o que relaciona a morte à sujeira (originário do xintoísmo) e o que considera indigna a matança de animas (budismo). A soma das crenças resultou na condenação e isolamento de todo aquele que, por ofício, lidasse com couro ou carne de animais mortos.
A discriminação foi oficializada no período Edo (1600-1868), quando o governo feudal dividiu o país em castas. Em ordem de importância vinham: samurais, agricultores, artesãos, comerciantes, párias e "hinins" (ou "não-gente": mendigos, coveiros, mulheres adúlteras e suicidas fracassados).
Os burakumins, portanto, ficavam um degrau acima dos "não-humanos". Por não exibirem nenhum sinal físico que denunciasse sua condição, eram obrigados a viver em guetos e a vestir roupas diferenciadas –formas de preservar as outras castas de uma aproximação involuntária.
Em 1871, a divisão de castas foi oficialmente abolida no Japão. Os que eram chamados párias e "hinins" passaram a ser designados "novos cidadãos", termo que, ironicamente, constava do documento do seu portador, deixando óbvia a discriminação.
Em 1922, foi fundada no país a primeira associação pró-burakumin. Em 69, o governo japonês criou um programa de melhoramento das condições de vida dos seus descendentes –hoje cerca de 3 milhões no Japão, espalhados em 6.000 vilas.(TO)

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