São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Cúpula do desemprego promete pouca ação

STELLA DAWSON
DA "REUTER", EM WASHINGTON

Cúpula do desemprego promete pouca ação
Com o desemprego na maioria dos países industrializados atingindo o maior nível desde a Grande Depressão, as autoridades das sete nações mais ricas se reúnem amanhã e depois em Detroit (EUA) para discutir o que fazer a respeito.
Na Europa Ocidental, o desemprego supera 11% e está subindo. No Japão, emprego vitalício é coisa do passado. Nos EUA, 18% dos trabalhadores não ganham o suficiente para sustentar a família num único emprego.
A cúpula do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Canadá) é a oportunidade para que essas questões politicamente preocupantes sejam debatidas. Mas o evento, convocado pelo presidente Clinton, será mais um }Talk-show do que uma reunião estratégica.
}Não se trata de um encontro que anunciará alguma grande iniciativa global, avisou na semana passada o subsecretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers.
Outros funcionários do governo norte-americano ressaltaram que cada país enfrenta diferentes problemas no mercado de trabalho e, portanto, as soluções devem ser diferenciadas.
Os EUA, por exemplo, sofrem mais com o problema da qualidade do emprego do que com sua escassez. Os salários estagnaram na década passada para cargos abaixo dos de supervisão, mas o número de empregos aumentou.
Já na Europa, a questão é a quantidade de empregos. O número de desempregados disparou na década passada –de 24 milhões para 36 milhões. Mais de 50% dos desempregados não conseguem colocação há mais de um ano.
Não há solução fácil, porque esses problemas decorrem de uma transformação radical na economia global que está mudando o tipo de trabalho que fazemos, onde fazemos e como, disse o secretário do Trabalho, Robert Reich.
A tecnologia está eliminando vagas, com os computadores dominando os escritórios e os robôs agindo na linha de produção. A cada 18 meses, o custo da tecnologia da informática cai pela metade e o poder do chip dobra. A produtividade salta, enquanto cada vez menos pessoas são necessárias para fazer mais e mais trabalhos.
Ao mesmo tempo, as barreiras globais ao comércio e investimento caem. As empresas dos países industrializados estão transferindo a produção padronizada, em que se dispensa mão-de-obra qualificada, para países de salários baixos.
Comércio e inovação tecnológica criam, no longo prazo, mais prosperidade. Mas, no curto prazo, provocam desorganização. O desafio para os países desenvolvidos será tornar menos traumático o período de transição, opina Reich.
Para conseguir isso, funcionários do governo Clinton rejeitam a estratégia dos anos 80, que confiava só no crescimento econômico robusto para criar empregos. Summers acha que o governo tem um papel a cumprir, treinando trabalhadores e encorajando as empresas a contratá-los.
Para a Europa Ocidental, autoridades norte-americanas sugerem a eliminação de alguns sistemas de seguro social e a redução dos altos custos trabalhistas, que desestimulam a contratação. Summers acha que uma mistura das estratégias –estimular o crescimento e refazer as estruturas do mercado de trabalho– é o caminho provável para atacar o desemprego.

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