São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994 |
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Hélio Garcia diz que não aceita ser candidato a vice na chapa de FHC
PAULO PEIXOTO
"É um problema que vou resolver no dia 31", disse ele. Garcia defende um amplo entendimento político desde já para que o próximo presidente, seja quem for, tenha todo o apoio e se diz contra uma frente anti-Lula. Folha - O senhor continua achando que o país precisa de um grande entendimento nacional? Hélio Garcia - Eu continuo achando que deve e precisa. Sem grande entendimento, o difícil é governar o país depois do dia 1º de janeiro. Se vai ser o dr. Fernando Henrique, o dr. Luiz Inácio (Lula), o dr. Paulo Maluf, isso não interessa. Interessa sim é que nós possamos no futuro ter condições de fazer um mutirão para ajudar o país após o dia 1º. Então, não podemos ter um governo sem apoio. Toda a sociedade, os políticos e os partidos têm que apoiar quem ganhar. Folha - O sr. defendeu recentemente a candidatura do Fernando Henrique... Garcia - Eu acho que o Fernando Henrique é um homem competente, preparado para exercer a Presidência da República, mas nunca dei apoio ao dr. Fernando Henrique. Você nunca ouviu, nem toda a imprensa e nem os políticos ouviram uma palavra de apoio ao dr. Fernando Henrique. Folha - Como o sr. vê uma possível saída dele (FHC) do governo para concorrer à Presidência? Garcia - O plano não é do Fernando Henrique, o plano é do governo do presidente Itamar Franco. Acho que deve dar continuidade ao plano, porque não podemos ter todo dia um plano. Cabe a ele (Itamar) agora coordenar as coisas e dar continuidade e ele tem condições de fazer isso. Folha - E as especulações de que o sr. poderia vir a ser vice do ministro. O presidente Itamar Franco... Garcia - Hoje está muito divulgado isso de eu ser candidato a vice-presidente, talvez porque uma certa vez eu fui vice do dr. Tancredo Neves. Ele que me obrigou, eu nunca almejei ser vice. Não penso ser vice-presidente. Nunca pensei e não desejo ser. Folha - Por quê? Garcia - Você me faz uma pergunta das mais difíceis, porque se eu sirvo para ser vice é porque eu não estou disputando a Presidência, se eu não estou disputando a Presidência, não preciso ser vice. Aqui em Minas Gerais, das qualificações que podem dizer que eu tenho, tem homens muito superiores a mim para ser vice-presidente e organizar o Estado. Folha - Mas o sr. permanece no governo de Minas? Garcia - Esse é um problema que eu só vou conversar no dia 31. Folha - Muito se fala numa articulação contra o candidato do PT... Garcia - Eu não participo de briga de grupo, juntar 50, cem, para bater numa pessoa. Acho que o dr. Luiz Inácio tem direito de disputar a eleição, é um sentimento popular que está aí a julgá-lo nas pesquisas. Então é normal que ele seja candidato. Folha - O sr. acha que esse é um caminho errado? Garcia - Totalmente errado. Se fizer composição não é para combater o Lula, é para ganhar eleição. O Lula é outro. As pessoas falam que devem fazer a CPI da CUT, eu sou contra porque os sindicatos são importantes e fundamentais na vida de qualquer país. Para que desmoralizar uma coisa que eu acho séria. Nós temos que conviver com os contrários, com as divergências. Folha - O sr. disse recentemente que está se preparando para aprofundar as articulações. O momento para preparar o terreno para 95 é desde já? Garcia - O que eu disse é que estou pronto para ajudar o país. Eu não tenho nenhuma ambição. O povo já me deu muitas posições, eu não tenho vaidade, não sou orgulhoso, não tenho ódio, não tenho ressentimento. Texto Anterior: Diretores da Manchete têm prisão pedida Próximo Texto: Para ministro, plano ganhará força Índice |
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