São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Hélio Garcia diz que não aceita ser candidato a vice na chapa de FHC

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Hélio Garcia (PTB), 63, disse ontem em entrevista à Folha que não será candidato a vice-presidente numa chapa com o ministro Fernando Henrique Cardoso. Ele, no entanto, deixa em aberto a questão de sua desincompatibilização do governo e, se sair, para que cargo concorreria.
"É um problema que vou resolver no dia 31", disse ele. Garcia defende um amplo entendimento político desde já para que o próximo presidente, seja quem for, tenha todo o apoio e se diz contra uma frente anti-Lula.
Folha - O senhor continua achando que o país precisa de um grande entendimento nacional?
Hélio Garcia - Eu continuo achando que deve e precisa. Sem grande entendimento, o difícil é governar o país depois do dia 1º de janeiro. Se vai ser o dr. Fernando Henrique, o dr. Luiz Inácio (Lula), o dr. Paulo Maluf, isso não interessa. Interessa sim é que nós possamos no futuro ter condições de fazer um mutirão para ajudar o país após o dia 1º. Então, não podemos ter um governo sem apoio. Toda a sociedade, os políticos e os partidos têm que apoiar quem ganhar.
Folha - O sr. defendeu recentemente a candidatura do Fernando Henrique...
Garcia - Eu acho que o Fernando Henrique é um homem competente, preparado para exercer a Presidência da República, mas nunca dei apoio ao dr. Fernando Henrique. Você nunca ouviu, nem toda a imprensa e nem os políticos ouviram uma palavra de apoio ao dr. Fernando Henrique.
Folha - Como o sr. vê uma possível saída dele (FHC) do governo para concorrer à Presidência?
Garcia - O plano não é do Fernando Henrique, o plano é do governo do presidente Itamar Franco. Acho que deve dar continuidade ao plano, porque não podemos ter todo dia um plano. Cabe a ele (Itamar) agora coordenar as coisas e dar continuidade e ele tem condições de fazer isso.
Folha - E as especulações de que o sr. poderia vir a ser vice do ministro. O presidente Itamar Franco...
Garcia - Hoje está muito divulgado isso de eu ser candidato a vice-presidente, talvez porque uma certa vez eu fui vice do dr. Tancredo Neves. Ele que me obrigou, eu nunca almejei ser vice. Não penso ser vice-presidente. Nunca pensei e não desejo ser.
Folha - Por quê?
Garcia - Você me faz uma pergunta das mais difíceis, porque se eu sirvo para ser vice é porque eu não estou disputando a Presidência, se eu não estou disputando a Presidência, não preciso ser vice. Aqui em Minas Gerais, das qualificações que podem dizer que eu tenho, tem homens muito superiores a mim para ser vice-presidente e organizar o Estado.
Folha - Mas o sr. permanece no governo de Minas?
Garcia - Esse é um problema que eu só vou conversar no dia 31.
Folha - Muito se fala numa articulação contra o candidato do PT...
Garcia - Eu não participo de briga de grupo, juntar 50, cem, para bater numa pessoa. Acho que o dr. Luiz Inácio tem direito de disputar a eleição, é um sentimento popular que está aí a julgá-lo nas pesquisas. Então é normal que ele seja candidato.
Folha - O sr. acha que esse é um caminho errado?
Garcia - Totalmente errado. Se fizer composição não é para combater o Lula, é para ganhar eleição. O Lula é outro. As pessoas falam que devem fazer a CPI da CUT, eu sou contra porque os sindicatos são importantes e fundamentais na vida de qualquer país. Para que desmoralizar uma coisa que eu acho séria. Nós temos que conviver com os contrários, com as divergências.
Folha - O sr. disse recentemente que está se preparando para aprofundar as articulações. O momento para preparar o terreno para 95 é desde já?
Garcia - O que eu disse é que estou pronto para ajudar o país. Eu não tenho nenhuma ambição. O povo já me deu muitas posições, eu não tenho vaidade, não sou orgulhoso, não tenho ódio, não tenho ressentimento.

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