São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Definições à vista O ministro Fernando Henrique Cardoso chega hoje a Washington para tentar ultimar as negociações acerca do aval do FMI às metas do governo. O plano econômico em andamento e o delicado momento político, às vésperas da definição de candidaturas presidenciais, dão a essa visita importância especial. A situação relativamente favorável em que se encontra o governo é a primeira novidade. A aprovação do Fundo Social de Emergência, o esforço arrecadatório da Receita Federal e as privatizações realizadas tornam verossímil a meta de déficit zero. O nível recorde de reservas internacionais e a maior abertura às importações dão viabilidade ao projeto de estabilizar a inflação através de mecanismos de mercado. Ainda assim, não deixa de ser delicado para o governo buscar o endosso do Fundo sem a aprovação do Orçamento e com a MP 434, que cria a URV, ainda tramitando. Nesse quadro, excluídos rumores de dificuldades no acordo mencionados hoje por nosso correspondente em Washington, pode-se supor que o ministro esteja levando na bagagem outras garantias além desses sinais mais evidentes. Assim como é improvável que o eventual candidato FHC vá aos EUA para receber um "não", é improvável que o FMI dê seu aval sem saber como se encaminharão as questões pendentes. Deste modo, tudo indica que o ministro deverá esclarecer a seus interlocutores se fica no governo ou se sai candidato e, saindo, quem ficará no seu lugar. A estabilização da economia nacional e a obtenção de um acordo para a renegociação da dívida externa interessam ao Brasil, ao Fundo e ao mercado internacional. Daí o caráter eminentemente político do encontro do ministro em Washington. O aval liberaria o caminho para o acordo com os bancos privados, requalificando o país dentre as opções de investimento. Fortaleceria ainda o possível candidato FHC, indicando que ele conta com apoio da comunidade internacional e que manteria, como candidato, firmes posições no governo. Evidentemente, se os rumores se confirmarem, o tiro terá saído pela culatra. Texto Anterior: Sindicatos em xeque Próximo Texto: Idéias, não insultos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |