São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Bancada usa programa para criticar Executiva

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As relações entre a bancada do PT no Congresso e a Executiva do partido, já abaladas pela decisão da direção de não participar da revisão constitucional, ficaram mais difíceis com a apresentação da versão preliminar do programa de governo. Elaborado por uma comissão designada pela Executiva Nacional, o programa foi considerado "imperfeito" por diversos parlamentares do partido e desagradou a bancada.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) reclamou ao coordenador da comissão que elaborou o programa, Marco Aurélio Garcia, sobre a inclusão de seu projeto mais importante no Senado, o programa de garantia de renda mínima, no item sobre saneamento básico. "Não tem nada a ver", criticou Suplicy. O programa trata de benefícios a trabalhadores sob a forma de imposto de renda negativo.
Garcia afirmou ontem que o Encontro Nacional do PT é que resolverá a polêmica. "Mas nós não vamos abrir mão de pontos para agradar ninguém", disse referindo-se às pressões da bancada e de setores do partido ligados à igreja.
Garcia declarou também que a versão "mais enxuta" do programa pode excluir alguns dos pontos que estão causando problemas. "Nos 13 pontos principais só serão incluídos os temas de interesse de toda a população".
A ausência de itens como ciência e tecnologia, cultura e planejamento estratégico também foram criticadas. A deputada Irma Passoni (PT-SP), que fez propostas para a área de telecomunicações, não incluídas, se disse "boicotada".
O deputado federal José Genoino (PT-SP) reclamou da"falta de propostas que aspirem o desejo da sociedade", que segundo ele não foi ouvida. "Esse programa deveria ser feito através de seminários com participação ampla, e não por um pequeno grupo", afirmou o deputado.

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