São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição articula relatoria paralela para MP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA AGÊNCIA FOLHA

Os partidos contrários ao plano de estabilização econômica do governo começaram ontem a articular uma comissão paralela para alterar a MP (medida provisória) que cria a URV (Unidade Real de Valor). O presidente da Subcomissão de Salários da Câmara, deputado Paulo Paim (PT-RS), articulador da comissão, quer que as discussões comecem a partir do relatório preparado pelo deputado Gonzaga Mota (PMDB-CE).
Mota era o relator da Comissão Mista do Congresso que analisou a MP da URV e vinha cedendo às pressões das centrais sindicais, que querem a reposição imediata das perdas provocadas pela conversão dos salários à URV. Seu relatório seria votado anteontem, mas ele abandonou a relatoria da MP devido a pressões dos partidos governistas (PMDB, PSDB e PFL) e do próprio ministro Fernando Henrique Cardoso (Fazenda).
Como anteontem era o último dia para a apresentação do relatório, a Comissão foi automaticamente extinta. Com isso, a apresentação de relatório e a votação devem ir direto ao plenário.
Gonzaga Mota disse ontem à Folha que pretende aceitar a indicação de seu nome para a relatoria no plenário do Congresso. Segundo ele, o deputado Paulo Paim (PT-RS), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o líder do PMDB na Câmara, deputado Tarcísio Delgado, sugeriram seu nome ao presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB).
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu o nome de Gonzaga Mota junto ao presidente do Congresso Humberto Lucena. "Para dar continuidade aos entendimentos que estamos tendo, o natural seria o próprio Gonzaga Mota", afirmou o senador à Folha. Segundo Marba Furtado, assessora de imprensa do presidente do Congresso, Lucena considera a hipótese de manter Gonzaga.
"É uma demonstração de confiança. Aceito a indicação. Vou ter mais tempo para receber sugestões e negociar com os trabalhadores", disse Mota. Para o senador Odacir Soares (PFL-RO) não haverá relatoria. "Fica claro que a estratégia do governo é não votar a MP, portanto ela não vai ser relatada no plenário."Segundo Paulo Paim, a comissão terá um representante de cada partido e deverá concluir seu relatório até a semana que vem. A oposição tentará ainda neutralizar a estratégia já definida pelo governo de esvaziar o quórum da sessão que votará a MP, o que deve acontecer no próximo dia 23.
Gonzaga Mota continua em Fortaleza (CE) acompanhando o estado de saúde de seu pai. Fernando Cavalcanti Mota, 84, internado desde sábado no hospital São Mateus. Anteontem ele foi transferido para a UTI e, segundo o deputado, está em coma.

Texto Anterior: Dívida rural deve ser paga em título público
Próximo Texto: Prazo da MP vence dia 30
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.