São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Protesto de estudantes contra plano vira pancadaria

Manifestantes invadem Fazenda e saem de lá à força

IVANIR JOSÉ BORTOT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A sala que dá acesso ao elevador privativo do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi invadida ontem às 15h30 por mais de cem estudantes secundaristas e universitários que faziam uma manifestação contra o plano de estabilização da economia. A polícia militar do Distrito Federal invadiu o prédio e retirou todos os estudantes à força. O conflito terminou com quatro estudantes e dois policiais feridos.
Cerca de dois mil estudantes participaram da manifestação, segundo o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Fernando Gusmão. Eles revidaram à intervenção da polícia com pedradas.
Alexandre Local, estudante de Ciências Contábeis de Volta Redonda, sofreu vários ferimentos no rosto. Arturo Pimentel foi espancado por cerca de 10 policiais na sala que dá acesso ao elevador de FHC. O espancamento continuou depois que ele caiu no chão e também após ser colocado pelos policiais no sofá da sala. A PM tinha 200 homens.
A violência maior ocorreu a partir do momento em que a Polícia Federal guinchou o carro de som da manifestação. Os estudantes passaram a jogar pedras e paus em policiais. Três vidros do prédio foram destruídos. O soldado da PM Valnei sofreu um corte na cabeça.
"Fernando Henrique, ladrão. Cadê o dinheiro da educação? Fernando Henrique almofadinha, nós vamos colocar você na linha", ou , "Fernando Henrique, almofadinha, nós vamos botar na sua bundinha", bradavam os estudantes com bandeiras do PC do B e da UNE.
Gusmão disse à Folha que a manifestação era pacífica. Os estudantes queriam apenas protestar contra a decisão tomada por FHC de deixar livre o processo de conversão das mensalidades escolares. Ele atribuiu aos policiais a invasão à Fazenda e a violência. A manifestação terminou com uma forte chuva. FHC estava em Washington ontem.

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