São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Partidários de Clinton apóiam CPI

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Líderes importantes do Partido Democrata, que apóia o presidente dos EUA, Bill Clinton, passaram a defender a formação de comissão parlamentar de inquérito para apurar o caso Whitewater. Até anteontem, apenas senadores e deputados do Partido Republicano, de oposição, propunham a medida.
O processo parece o que precedeu a nomeção de um promotor especial para o caso, em janeiro deste ano. Também naquela ocasião, a princípio o Partido Democrata demonstrou unidade contra a sugestão. Depois, figuras de relevo do partido discordaram e Clinton foi obrigado a aceitar a decisão.
Ontem, foi a vez do poderoso deputado Dan Rostenkowski recomendar à Casa Branca que admita a formação da CPI. Ele disse que ela será "inevitável, embora o público americano já esteja cansado de tudo isso".
Rostenkowski tem seus próprios problemas legais. Ele está sendo acusado diante de júri federal por possível envolvimento no escândalo da agência de correios da Câmara, na qual foram descobertas diversas fraudes em 1992. O deputado venceu anteontem a primária do Partido Democrata para a sua cadeira, o que na prática lhe assegura a reeleição. O presidente Clinton fez campanha a seu favor no Estado de Illinois (Meio-Oeste).
Apesar das dissenções em seu partido, o presidente da Câmara, o democrata Thomas Foley, voltou a afirmar ontem que a CPI é desnecessária e inconveniente e que, se depender dele, não vai ser constituída. Foley disse que os parlamentares democratas "são livres para dizerem o que quiserem".
Clinton só fez uma referência pública ao caso Whitewater ontem. Mesmo assim, indireta. Perguntado se ele mantém suas declarações anteriores de que perdeu US$ 69 mil na empresa de construção civil Whitewater, respondeu: "Não tenho nada mais a dizer sobre este assunto agora. Estamos colaborando com o promotor especial. Eu lhes peço que o deixem trabalhar".
Na terça-feira, a primeira-dama Hillary Clinton, embora reafirmando que o casal perdeu dinheiro na Whitewater, também se recusou a repetir a cifra que tem sido usada para quantificar seu prejuízo. O ex-sócio dos Clinton em Whitewater, James McDougal, já colocou o cálculo em dúvida e disse que Hillary e Bill perderam muito menos dinheiro do que dizem.
A Whitewater é acusada de ter cometido diversas irregularidades fiscais e contábeis e há suspeitas de que ela serviu de fachada para encobrir desvios ilegais de dinheiro para campanhas de Clinton. A primeira-dama é acusada de conflitos de interesses no período em que seu marido foi governador de Arkansas (Sudoeste do país) e ela praticava direito.

Texto Anterior: Jornal acusa ex-premiê japonês de corrupção
Próximo Texto: França julga colaborador do nazismo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.