São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Projeto muda centro histórico de Atenas

MANOEL DIRCEU MARTINS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Atenas ganha cara nova até a virada do milênio. Um projeto do Ministério da Cultura da Grécia prevê a transformação de parte do centro histórico em um imenso parque arqueológico. A previsão de gastos é de US$ 500 milhões. O trânsito de automóveis deve ser desviado para baixo da terra e as ruas se transformarão em zonas para pedestres, ligando com calçadões os principais prédios antigos.
A partir da Academia de Platão, um exemplo clássico da arquitetura jônica, será possível caminhar pela rua Santa até o cemitério Kerameikos. Saindo da praça da Antiga Ágora, o calçadão vai cruzar as ruas da Plaka –apinhadas das mesinhas dos restaurantes– e subir até a colina da Acrópole. Em seguida desce ao lado das ruínas do templo de Zeus, passa entre as árvores do Jardim Nacional e conduz ao Estádio Olímpico, onde no ano de 1896 foi disputada a primeira olimpíada dos novos tempos.
O plano de reformas pretende beneficiar o patrimônio desde o sétimo milênio a.C. até a atualidade. No circuito estarão representadas as eras da pólis de Péicles, do helenismo, do Império Romano, dos domínios bizantino e franco-veneziano, dos quatro séculos da ocupação turco-otomana e da Grécia do Estado Nacional Moderno, do início do século 19.
Quase tão antiga quanto essa herança cultural é a idéia da reforma. Já no século 19, quando Atenas voltou a ser a capital da Grécia, o rei de origem germânica Otto von Wittelsbach encomendou aos seus arquitetos estudos para preservar e evidenciar as relíquias da cidade.
No início do século 20, a memória de Atenas voltou à pauta dos dirigentes. Planos para um parque arqueológico foram reapresentados por Pikionis, Fotiadis e Marinatos, mas o crescimento da cidade engoliu os intentos do empreendimento.
Mais de um terço dos 10 milhões de habitantes da Grécia vivem na capital. O número de moradores de Atenas passou de 30 mil, no século passado, para quase 4 milhões atualmente. Nos útlimos 15 anos o número de carros nas ruas duplicou. Os protestos dos ecologistas tornaram-se constantes, principalmente contra a degradação da qualidade do ar. A poluição põe em risco monumentos arqueológicos, como o Partenon, que sofre processo de esfarelamento de suas colunas dóricas.
A ministra da cultura morta este mês, Melina Merkouri, deu início às obras. Porém, o ministério não tem previsões quanto ao prazo de conclusão das reformas, que terão de ser desenvolvidas simultaneamente às obras do metrô de Atenas, há um ano em andamento.

LEIA MAIS
Sobre a Grécia nas págs. 6-12 e 6-13

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