São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Brancos chilenos competem com tintos de olho no mercado externo

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os vinhos chilenos continuam bons e baratos, o que não deixa de ser uma ótima notícia tanto para os apreciadores desses exemplares sul-americanos, quanto para aqueles que estão à caça de garrafas que agradem por igual bolso e paladar.
Outra boa notícia é que os brancos –tradicionalmente empalidecidos pelo fulgor dos tintos, o grande destaque do país– estão cada vez melhores. Cresce, entre eles, o número de vinhos elaborados com carinho e tecnologia moderna, que ocupam rapidamente o lugar daqueles brancos pesados, meio oxidados, sem brilho nem fruta de pouco tempo atrás.
A maior parte dos brancos finos ainda é elaborada com a Sauvignon Blanc, que tanto na versão solo (varietal), como em parceria com a Semillon, produz por lá belos vinhos. Mas para alegria dos amantes da uva Chardonnay –esta capa responsável por alguns dos melhores vinhos do mundo– os exemplos chilenos deste vinho, raros poucos anos atrás, estão se multiplicando.
Observando os produtos exportados pelos produtores chilenos na tentativa de conquistar o mercado, não se pode dizer que eles têm hoje uma personalidade bem definida, mas, em contrapartida, há exemplares para os mais diversos gostos.
Alguns são mais frutados e de corpo médio, como o Caliterra –grife criada pela Errazuriz-Panquehué para o mercado norte-americano. O da safra 92, que acaba de chegar ao Brasil, tem aroma de maçã, limão e abacaxi, sabor com toques cítricos e de madeira e um bom final.
Não faltam os que cultivam um perfil californiano –com mais corpo e bem condimentado com carvalho– como o Marquês de Casa Concha 91, da Concha y Toro, um vinho equilibrado de sabor e aroma marcados por cravo e baunilha que envolvem leve fruta (abacaxi e maçã em calda).
Longe dos extremos, alguns mesclam –num elegante meio-termo– fruta e carvalho bem dosados, como o Montes 92, de perfume e paladar completo (manteiga, baunilha, maçã, frutas tropicais e leve especiaria). Ele é redondo, evolui bem na boca e tem, de quebra, uma boa pitada de um ingrediente que muitas vezes falta aos vinhos do Novo Mundo: refinamento.

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