São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Circuito de Interlagos pede novo desenho

ZÉ DE BONI
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Paulo renovou seu contrato com a Fórmula 1 para garantir mais sete anos de GPs em Interlagos. Para a alegria de uma grande massa de aficionados, em 1990 o autódromo paulistano voltou a sediar provas da categoria mais importante do planeta.
Na época, foi necessário adaptar a pista às exigências do automobilismo moderno, o que teve que ser feito em prazo curtíssimo para aproveitar uma oportunidade única que poderia ser única. Assim, a reforma foi marcada pelo improviso e pela ausência de um estudo competente, que desse atenção à preservação das características que o consagraram como um dos circuitos favoritos dos pilotos.
Pagando esse preço por sua revitalização, era natural esperar que a empolgação inicial de ter de volta a F-1, pouco a pouco, desse lugar a um coro de insatisfeitos com o patrimônio que estava sendo perdido. Hoje Interlagos é uma das pistas mais sem graça do calendário, onde os espetáculos podem ser considerados monótonos se comparados ao que acontecia nos velhos tempos. A seletividade caiu para um nível sofrível. Os saudositas têm razão em reclamar.
Entretanto, retomar o desenho de 8.000 metros, como alguns agora pedem, seria inviável. Quando foi construído na década de 40, nem capacete os pilotos usavam.
A evolução no automobilismo foi enorme daqueles dias até hoje, quando já é custoso manter um autódromo com a metade do tamanho original dentro dos padrões técnicos e com todo o aparato de segurança exigidos.
O problema atual não está no tamanho, mas no traçado. O desafio que se coloca é desvendar quais as características marcantes que faziam o "feeling" dos pilotos e o coração do público manterem uma relação tão romântica com o velho circuito e reproduzi-las sem alterar sua alma em uma pista que tenha de 4.500 a 5.000 metros.
O momento é propício para formular propostas que busquem essa recuperação. A que é apresentada aqui foi mantida desde 1990 apenas como exercício de imaginação e, embora não seja a única solução, busca objetivos definidos.
Respeitando-se princípios técnico-esportivos, com estudo e planejamento, e, principalmente, ouvindo-se pilotos e especialistas, uma nova reforma pode colocar Interlagos de novo entre os melhores e mais belos do mundo.

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