São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Romantismo é dominante

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

O programa da Orquestra Filarmônica de São Petersburgo para o Brasil se divide curiosamente segundo as diferentes inclinações românticas de seus dois maestros. Mariss Janson tem um gosto cosmopolita e vai do alemão Ludwig van Beethoven (a "Quinta Sinfonia", aquela do "tchan, tchan, tchan, tchan"), Mozart (a "Sinfonia nº 40", tornada popular nos anos 70) e Rossini (abertura de "La Gazza Ladra") para o público carioca. Já Temirkanov gosta da tradição russa e vai dirigir aberturas de Alexander Glazunov, Alexander Borodin e Mikhail Glinka –o trio de ouro do nacionalismo russo– em São Paulo.
Não há, porém, novidade alguma nos dois tipos de programa. Não deixa de ser pitoresco ouvir no Ibirapuera, por exemplo, três peças do balé "Quebra-Nozes", de Tchaikóvski, ou "Príncipe Igor", de Borodin. Em Ipanema, uma rapsódia húngara de Ferenc Liszt ou a abertura da opereta "O Morcego", de Johann Strauss Filho. São todas obras mais sovadas que os sucessos de Madonna e muito aquém das possibilidades interpretativas da orquestra.
Para convencer o público brasileiro de que é uma das melhores do mundo, a OFSP deveria ter sido solicitada a apresentar um programa mais ambicioso. De qualquer maneira, é preciso que uma "Bilboard" passe a fazer um censo real das orquestras para que ninguém se sinta logrado. (LAG)

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