São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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Comércio faz desconto para agricultor que antecipa as compras de insumos

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Aproveitar o dinheiro da colheita e investir na compra de insumos agrícolas pode ser uma boa saída neste início de safra. Há duas vantagens e um risco.
Os descontos praticados tendem a ser maiores agora. A causa: as compras de insumos se concentram depois de junho, quando começa o plantio.
A segunda vantagem é que o agricultor já fica com o produto em estoque -uma forma de se defender das variações do cenário econômico.
O inconveniente é que, se os juros realmente subirem, como aponta o plano, o ganho financeiro pode ser maior do que o desconto obtido agora.
"Damos descontos porque o movimento está fraco", diz Orlando Passoni, 40, da Agrovale, revenda de insumos de Barretos, interior de São Paulo.
Ele diz que o fertilizante 4-20-20 sai hoje pelo equivalente a US$ 180 e daqui a quatro meses sairá por US$ 200.
"O horizonte está escuro, nem sabemos se haverá inflação em URV. O agricultor com recurso pode adquirir produtos por prudência", diz Luiz Antônio Pinazza, gerente de planejamento da Agroceres.
A Cocamar (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá) fará campanha para que seus 9 mil agricultores comprem os insumos agora.
"É a maneira de o agricultor se libertar dos bancos e do risco do mercado", diz Luiz Lourenço, presidente da cooperativa.
A Coamo, cooperativa de Campo Mourão (PR), comprou há um mês fertilizante para repassar aos associados.
"O produtor compra o fertilizante 0-20-20 por 14 sacas a tonelada, quando a média é 20 sacas por t", diz Cláudio Rizzatto, 43, superintendente da Coamo.
A relação de troca entre grãos e tratores e colheitadeiras tem se tornado vantajosa para o agricultor nos últimos três anos, diz Nelson Costa, chefe do departamento de economia da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná.
Ele explica que essa melhora é resultado da valorização dos preços agrícolas.
Os fertilizantes são exceção nas relações de trocas neste ano. Nos últimos seis meses, o preço do produto subiu entre 25% e 30% no mercado internacional.
Como o Brasil importa até 40% do fertilizante usado, essa alta do produto se refletiu nos preços internos.

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