São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Procurador-geral critica Polícia Civil

DA SUCURSAL DO RIO

O procurador-geral de Justiça do Estado, Antônio Carlos Biscaia, 50, é "persona non grata" entre os bicheiros do Rio desde 1984, quando começou a investigar as ramificações criminosas da contravenção. Com a operação realizada anteontem nos escritórios de Castor de Andrade, ele acredita que foi dado um duro golpe na corrupção policial e nas quadrilhas que atuam no contrabando e no tráfico de drogas.
Pergunta - As polícias civil e federal o criticaram por não terem sido comunicadas da operação.
Antônio Biscaia - Nós recebemos uma informação sigilosa e não poderíamos divulgá-la para muita gente sob pena de a operação fracassar. Lamentavelmente, com a Polícia Civil contaminada pela corrupção, não dá para agir em conjunto. O Ministério Público está cumprindo seu papel e a polícia deveria fazer o mesmo.
Pergunta - O sr. não poderia adiantar mais nomes da lista?
Biscaia - As investigações estão no início e poderia cometer alguma injustiça, mas há muitas surpresas e nomes com os quais fiquei estarrecido. Na relação de doações de campanha, tem gente que recebeu até US$ 100 mil –vereadores, deputados estaduais e federais. Gente de quase todos os partidos. Só não vi do PT.
Pergunta - O sr. não teme sofrer um atentado?
Biscaia - Já fui muito ameaçado, mas se agirmos com temor não faremos nada. Tomo precauções, ando com um segurança. Não é possível que a corrupção continue nesses níveis. O domínio dos bicheiros no Carnaval e a reverência de parte da população a eles é um acinte às pessoas de bem.
Pergunta - A legalização do jogo do bicho seria a solução?
Biscaia - O problema não é o jogo, mas o que há por trás: corrupção, homicídios, contrabando e tráfico. Não há um bicheiro que não tenha cometido esses crimes e estamos tentando provar isso.

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