São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Cingapura recusa apelo e mantém chibata

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Alta Corte de Cingapura (sudeste da Ásia) negou ontem recurso do adolescente norte-americano Michael Peter Fay e manteve a punição de seis chibatadas imposta no início do mês.
Fay, 18, foi condenado por vandalismo, desordem e posse de objeto roubado. Ele danificou carros com tinta em spray e ovos em setembro do ano passado.
A punição gerou reação do presidente dos EUA, Bill Clinton, que a considerou "extrema". Ele chegou a pedir revisão da decisão.
A defesa disse que pode pedir clemência ao presidente de Cingapura, Ong Teng Cheong. Não há precedente de perdão presidencial.
O juiz Yong Pung How disse que Fay cometeu "conscientemente pelo menos 16 atos de vandalismo ao longo de dez dias".
Fay receberá seis golpes de uma vara de bambu de 1,2 m de comprimento e 1,3 cm de espessura, aplicados por um mestre de artes marciais nas nádegas nuas.
As chibatadas rompem a pele e as cicatrizes ficam por toda a vida. A dor faz os golpeados desmaiarem. Ao ouvir a negativa a seu recurso, Fay não demonstrou reação.
Em Cingapura, a pena de chibatadas é obrigatória para tentativa de homicídio, roubo, estupro, tráfico de drogas e vandalismo.
"Lamentamos que a corte tenha mantido as chibatadas. Continuamos a acreditar que se trata de uma pena excessiva", disse a embaixada dos EUA em comunicado.
O Ministério do Interior respondeu afirmando que "um diplomata representando um país que respeita as leis deveria respeitar o sistema judicial de Cingapura".
O senador republicano William Cohen, em visita ao país para promover comércio, condenou a decisão da corte de manter a punição.
O Departamento de Estado dos EUA criticou em seu relatório sobre direitos humanos a prática de punir crimes com chibatadas.
No início de março, Fay foi condenado –além das seis chibatadas– a quatro meses de prisão e multa de cerca de US$ 2.000.
Ele é de Saint Louis, Missouri (sul dos EUA), e vive com a mãe e o padrasto em Cingapura desde 92.

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