São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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O PT se aproxima de Quércia

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Jamais será admitido publicamente, mas é a pura verdade: importantes integrantes da cúpula do PT vêem, nesse momento, em Orestes Quércia um valioso aliado. Unindo ambos, um objetivo comum: derrotar Fernando Henrique Cardoso.
Não é um acordo e nem há registro de conversas. Mas o fato é que coordenadores de Luiz Inácio Lula da Silva, em suas análises mais reservadas, vislumbram em Orestes Quércia um candidato capaz de bombardear os tucanos. A análise, diga-se, tem fundamento.
Eles partem de uma idéia: o alvo preferencial de Quércia será, no primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso, atualmente o melhor colocado para disputar com Lula no segundo turno. Não é segredo para ninguém: a direção do PT vê no ministro da Fazenda seu adversário mais forte, por aglutinar segmentos da "direita" à "esquerda".
Sem esconder uma ponta de entusiasmo, figurões do PT calculam: Quércia vai partir para a guerra de dossiês. Os dossiês variam das ligações econômicas do secretário-geral do PSDB, Sérgio Motta, apontado como caixa 2 de campanhas eleitorais, até um suposto caso de paternidade clandestina.
Não é estilo de Lula usar esse tipo de tática, embora venha fazendo insinuações sobre vida pessoal de adversários -justo ele, vítima da baixaria política. Traduzindo: Quércia faria o jogo sujo para o PT. E de graça.
Mas o PSDB não é reserva de mercado de santos. Lá também se coletam informações sobre vida pessoal. Inclusive sobre práticas sexuais fora dos padrões tidos como normais. Por sinal, o próprio Fernando Henrique Cardoso já faz publicamente insinuações, irritado com os rumores de dossiês.
PS - Como acho que planejamento familiar é infinitas vezes mais importante do que fuxicos familiares, faço um registro. Com a volta de Fernando Henrique ao Senado, sai Eva Blay, sua suplente. Feminista respeitada mundialmente, ela enriqueceu os debates parlamentares, priorizando o planejamento familiar e os direitos da mulher, temas indescupavelmente relegados a segundo plano na vida pública.

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