São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Acordo dá 900 mil URVs à Cinemateca

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Cultura, Luiz Roberto Nascimento e Silva, o secretário estadual, Ricardo Ohtake, e o chefe de gabinete da Secretaria municipal, Hélio Alves Corrêa (representando o secretário Rodolfo Konder), assinaram ontem um protocolo para doação de 900 mil URVs à Cinemateca Brasileira.
O ato foi realizado no Matadouro Municipal (Vila Mariana, zona sul de São Paulo), futura sede da Cinemateca, hoje situada em Pinheiros (zona oeste).
A entidade foi criada em 1950 pelo crítico Paulo Emílio Salles Gomes para servir de acervo e centro de atividades audiovisuais.
Segundo o protocolo, a Cinemateca receberá ao longo deste ano 300 mil URVs de cada um dos três órgãos. A União federal e o Estado de São Paulo já se comprometeram a concedê-los, mas a prefeitura apenas "prevê" a concessão.
Corrêa disse que o não-comprometimento da prefeitura se deve a um projeto em preparo, chamado "Agenda para o Cinema", do qual faltam ser aprovados alguns pontos pelo prefeito Paulo Maluf. "Mas o dinheiro sairá", afirmou.
A verba dada à Cinemateca se destina a três medidas para suprir "necessidades básicas": recuperação de filmes, organização do depósito de filmes e restauração do prédio histórico do Matadouro.
Dez filmes brasileiros foram considerados "em estado precaríssimo" e devem ser os primeiros a ser recuperados. Entre eles, está "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, e "Noite Vazia", de Walter Hugo Khouri.
Segundo apurou a Folha, foi Ricardo Ohtake quem comandou a associação entre os três níveis para obter a verba. Ele foi diretor da Cinemateca em 1992 e 93.
Em entrevista, disse que essas 900 mil URVs não são 40% dos gastos previstos para o término das obras no Matadouro, que devem chegar a US$ 2,5 milhões.
Disse também que, sendo a Cinemateca um órgão ligado ao governo federal, caberia a este obter mais recursos para a entidade.
Em seu discurso, Nascimento e Silva afirmou que a Cinemateca é "exemplo único" de entidade cultural de interesse comum aos três níveis da administração pública.
Em conversa com a Folha, Nascimento e Silva disse que o ministério não tem mais dinheiro e que deveria ser buscada uma associação com a iniciativa privada para concluir a nova sede. (DP)

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