São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994 |
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Nem tema espírita ressuscita La Torloni
LUÍS ANTÔNIO GIRON
"Remake" de uma novela de 1975, "A Viagem" utiliza noções de espiritismo kardecista –doutrina que promete (ou ameaça) que nossa pobre alma irá vagar mundos sucessivos até encontrar a dupla Jesus & Kardec– como papel "pega-olho". É a aventura de um rebelde porque o mundo quis assim (Alexandre, interpretado por Guilherme Fontes), que mata, morre e vira espectro, apesar dos esforços de sua irmã Diná (Christiane Torloni, rediviva depois de cinco vidas longe da TV). Até o fim da semana aparece o dr. Alberto (Claudio Cavalcanti), um "médico espiritualista" criado por Ivani à imagem de Chico Xavier. Mas se parece mais com Zé Arigó. Cabe a ele realizar curas, dar lições de eternidade e tentar conversar com o fantasma de Guilherme Fontes –tarefa meritória, até hoje não realizada por nenhum dos interlocutores do ator, mesmo em papéis de vivo. Ressuscitar Torloni é a missão do diretor Wolf Maya e parece ainda mais complicada. Ela já não serve como garota ciumenta e se esqueceu de como se portar diante das câmeras. Está infeliz no papel. O primeiro capítulo teve toneladas de vistas panorâmicas do Rio e perseguições de carro. Sempre assim: as novelas começam como "Cidadão Kane" e terminam em "Marcelino Pão e Vinho". É a fronteira dos EUA com o México. Essa "A Viagem" se afigura sem retorno. Cruzou a fronteira do México sobranceira e orgulhosa. E agora parte em direção à Venezuela, terra da cegueta Topázio. Porque além da transmigração das almas, esta novela lida com a transmigração dos elencos. Por um processo metempsicótico, o espectador é levado a associar os mesmos atores a novelas diversas. O inferno também é eterno. Texto Anterior: Bomba! Elenco de malas estraga 'A Viagem' Próximo Texto: MIS faz retrospectiva de Vladimir Carvalho Índice |
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