São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Papa-Tudo deve US$ 4,8 mi aos Correios

GUSTAVO KRIEGER
ELVIS CESAR BONASSA

GUSTAVO KRIEGER; ELVIS CESAR BONASSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Erramos: 15/04/94

Está incorreta a informação publicada de que a Interunion Capitalização recebeu um relatório da ECT no último dia 8 de março sobre sua dívida com a estatal. O correto é que o relatório é datado do dia 8 de abril e que ele chegou às mãos da Interunion dia 12 de março.
Papa-Tudo deve US$ 4,8 mi aos Correios
A Interunion Capitalização, empresa que explora a teleloteria Papa-Tudo, deve CR$ 4,86 bilhões (US$ 4,8 milhões) à ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), responsável pela venda dos bilhetes.
A Interunion pertence ao empresário Artur Falk. A Papa-Tudo foi criada por Falk em associação com Roberto Marinho, proprietário das Organizações Globo.
O Papa-Tudo funciona como se fosse um bingo. As cartelas são vendidas pelos Correios. Os apostadores acompanham o sorteio de dezenas pela TV. Quem acerta o maior e o menor número de dezenas depois de quatro semanas recebe um prêmio em dinheiro. Os que não ganham podem receber metade do dinheiro de volta um ano depois da data da compra.
A dívida de US$ 4,8 milhões existe porque os Correios aceitaram pagar à Interunion pelas cartelas do Papa-Tudo antes de saber se os bilhetes seriam vendidos.
Como as vendas foram menores do que se previa, a Interunion teria que devolver o dinheiro recebido dos Correios. A dívida foi revelada em uma auditoria realizada pela ECT sobre o movimento de vendas do Papa-Tudo entre maio e novembro de 1993.
Segundo a auditoria da ECT, a dívida foi provocada por alteração no contrato original entre a Interunion e a ECT, que favoreceu a empresa promotora do Papa-Tudo.
Por esta alteração, se a ECT não tivesse o balanço definitivo das vendas mensais do Papa-Tudo até a data estabelecida no contrato para prestação de contas, os Correios pagariam à Interunion 80% do valor dos títulos colocados à venda.
Quando o balanço de vendas fosse fechado, seria feito um acerto definitivo. Caso as vendas superassem 80%, a ECT pagaria a diferença para a Interunion. Se fossem menores que o valor já pago, a Interunion devolveria a diferença.
Este sistema foi usado em seis séries mensais do Papa-Tudo. Ao contrário do que previa o novo contrato, a Interunion não acertou o pagamento da diferença ao final de cada série, gerando a dívida de US$ 4,8 milhões, valor antecipado pelos Correios e que ficou acima das vendas.
Este tipo de acerto só deixou de ocorrer a partir de novembro de 1993, quando a ECT aprimorou o controle de vendas do Papa-Tudo, passando a fazer prestações de contas exatas.

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