São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Benevides faz lobby para o filho

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente do Congresso e atual líder do PMDB no Senado, Mauro Benevides (CE), passou o dia em seu gabinete trabalhando contra a cassação de seu filho, deputado Carlos Benevides (PMDB-CE).
Até as 19h de ontem, a Câmara ainda não havia decidido se cassava o deputado. Trancado no gabinete durante todo o dia, o senador telefonava pedindo votos a favor do filho.
Muitos deputados atendiam às chamadas de Benevides diretamente no telefone celular.
"Um pai que não ajuda o filho é um desnaturado", justificou Carlos Benevides ao chegar ao Congresso.
O deputado não votou no processo de cassação do suplente Feres Nader, cujo julgamento foi realizado antes do seu.
Família
O quartel-general dos Benevides funcionou no gabinete do senador, onde durante a manhã ainda se preparava a defesa.
As secretárias gastaram uma caixa inteira de canetas fosforescentes para marcar textos que seriam usados no julgamento.
Com exceção da mãe e do pai, que permaneceu no gabinete, toda a família de Carlos Benevides estava presente: os cinco irmãos, a mulher, Ane, e uma tia, que acompanhavam a defesa no plenário.
Carlos Benevides pediu para falar antes do advogado, leu um discurso de nove páginas e exibiu trechos da fita da reunião secreta em que o então relator da CPI do Orçamento, Roberto Magalhães (PFL-PE), fala sobre seu caso.
Na fita, ponto de partida de toda a defesa, Magalhães diz: "Propus o nome dele até porque não veio nenhum senador. Aí eu pensei: se não vem o pai, vem o filho".
O advogado Inocêncio Mártires Coelho, que atuou como dativo (nomeado pela Justiça à revelia do réu) do ex-presidente Fernando Collor, disse que foi perseguição. "Era preciso cassar um Benevides", acusou.
Defesa de Jobim
A contestação do relatório pelo deputado Nelson Jobim (PMDB-RS) na Comissão de Constituição e Justiça também foi exibida pela defesa em um telão.
Jobim rebatia item por item o relatório do deputado Edésio Passos (PT-PR). Muitos deputados consideraram que o depoimento do relator da revisão constitucional aumentou as chances de Benevides de virar o jogo.

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