São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Lula caminha para a direita', diz Mario Amato

Para presidente da CNI, petista contesta 'esquerda radical'

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Mario Amato, 75, acaba de assumir o comando da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com a missão de liderar o empresariado no processo da sucessão presidencial.
Adversário de Luiz Inácio Lula da Silva em 89, quando presidia a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Amato sugeriu uma fuga de empresários do país caso Lula vencesse. Hoje, ele não teme a vitória do petista.
"O empresariado está vendo que o Lula caminha para a direita até com uma velocidade grande", diz.
Amato é o presidente em exercício da CNI. Ele substitui o senador Albano Franco, que se licenciou para disputar o governo de Sergipe pelo PSDB.
Folha - Qual é a posição da CNI na sucessão?
Mario Amato - A CNI não vai se manifestar por candidatos isoladamente. Queremos ver os programas. Vamos apenas apontar o lado negativo e o lado positivo de cada um.
Folha - Como o sr. avalia a última pesquisa Datafolha? Amato - A direita e a esquerda estão se fundindo. A esquerda está vindo para a direita, a direita está indo para a esquerda e vão se encontrar num momento ideal.
Folha - Como o empresariado vê a liderança do Lula na pesquisa Datafolha?
Amato - O empresariado está vendo o Lula caminhar para a direita até com uma velocidade grande, embora haja um estremecimento quando se fala isso. Mas a verdade é esta. Estamos vendo o Lula contestar as idéias da esquerda radical do PT. Esse é o caminho da democracia.
Folha - Como o sr. analisa o que se sabe do programa do PT?
Amato - Os intelectuais e os políticos do PT são pessoas de bem. O fato de que não foram envolvidos nessa enxurrada de corrupção que varre o país prova isso. Não estamos preocupados com aborto ou casamento de homossexuais.
Folha - O que desagrada os empresários então?
Amato -O nacionalismo tacanho de alguns intelectuais do PT que insistem em defender a manutenção dos monopólios estatais do petróleo e telecomunicações, por exemplo.

Texto Anterior: Candidato joga com impasse dos grupos do PT
Próximo Texto: Sarneyzistas ameaçam se opor a FHC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.