São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Interpol não recebeu documento

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O procurador geral de Justiça do Rio, Antônio Carlos Biscaia, não remeteu à Interpol os documentos que, segundo ele, relacionariam o jogo do bicho ao tráfico de drogas.
Na terça-feira da semana passada, o procurador afirmou que, entre os documentos apreendidos na fortaleza do bicheiro Castor de Andrade, estão os comprovantes de depósitos bancários feitos em Cali, na Colômbia.
A Procuradoria da República no Rio também encontrou indícios de remessa de dinheiro dos bicheiros à Suíça.
Nem a Interpol da Colômbia, nem a Interpol da Suíça receberam cópias desses documentos.
Segundo Pedro Stain, responsável da Interpol pelas investigações sobre o crime organizado, a documentação pode agilizar a investigação e impedir que possíveis rastros sejam apagados.
Os relatórios da Interpol mostram que os traficantes internacionais têm se especializado em destruir pistas que possam levar à descoberta dos caminhos que percorrem o dinheiro obtido com a venda de drogas.
O delegado Romeu Tuma, vice-presidente mundial da Interpol, disse ontem que Biscaia poderá remeter os documentos pela forma que julgar mais conveniente.
Segundo Tuma, o procurador geral pode procurar a Polícia Federal ou até o Judiciário. "O importante é que esses documentos cheguem o mais rápido possível para facilitar a apuração", afirmou.
A Interpol também vai investigar se os bicheiros brasileiros não estão usando o mercado de esmeraldas para fazer lavagem de dinheiro.
Em Cali, quando os EUA intensificaram a repressão ao tráfico, os líderes do cartel começaram, segundo relatório da Secretaria Executiva da Interpol, a usar o mercado de esmeraldas para lavar dinheiro. (Mário Simas Filho)

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