São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Senna pede tempo para acertar Williams

FLAVIO GOMES
ENVIADO ESPECIAL A AIDA

A vida na Williams não é um mar de rosas. A equipe que dominou a Fórmula 1 nos últimos dois anos e que conta com o único campeão mundial em atividade vai precisar de tempo para se recuperar no campeonato de 94.
Antes mesmo de iniciar os treinos para o GP do Pacífico, o brasileiro Ayrton Senna reduziu o otimismo que tomou conta do time em outubro do ano passado, quando sua contratação foi anunciada.
Os primeiros treinos no circuito de Aida, Japão, estavam marcados para a madrugada de hoje, com duas sessões extra-oficiais, que não contam para a formação do grid de largada.
Para o piloto brasileiro, o fato de a Williams ter passado as últimas temporadas envolvida com o desenvolvimento das suspensões ativas fez com que algumas preocupações inerentes a carros convencionais fossem abandonadas.
"Com suspensão ativa (equipamento proibido este ano), o carro ficava sempre a uma altura constante do chão."
"Depois de dois anos trabalhando com isso, a Williams perdeu a prioridade no estudo do que acontece quando a altura varia. Quando ela varia dois, três, quatro centímetros, o carro não é mais o que era", disse Senna.
Esse problema é mais sentido em pistas onduladas, como a de Interlagos –onde começou o Mundial, no fim de março, com vitória do alemão Michael Schumacher, da Benetton.
"O carro pula muito, mexe, a frente levanta sem que a traseira faça o mesmo, e tudo isso é muito problemático", falou o piloto da Williams.
Em circuitos lisos e uniformes, segundo Senna, as coisas serão menos complicadas para equipe.
"Uma pista homogênea encobre os problemas. Desde os primeiros testes ficou evidente que nosso carro é muito sensível. A maioria é assim, com exceção da Benetton. É uma questão de conceito do carro."
"A Williams foi quem perdeu mais com as mudanças de regulamento. Agora vai levar um tempo para ajustar", disse o piloto brasileiro.
Para Senna, o que está acontecendo era "previsível". "O ideal seria sentar no carro e ver que tudo era uma maravilha. Mas, apesar da expectativa de que a Williams ia arrebentar de novo, essa, no fundo, não era a minha opinião."
A ducha de água fria que foi a derrota para Schumacher em Interlagos fez a equipe se deslocar até a Espanha, na semana passada.
No Brasil, Senna nem sequer pontuou, abandonando após uma rodada na 56ª volta.
Na Espanha, foram três dias de testes em Jerez de La Frontera, uma pista de características semelhantes às de Aida, no Japão, onde domingo acontece a segunda etapa do Mundial.
Ayrton disse que as modificações determinadas a partir desses testes só serão efetivadas em Imola, na Itália, no terceiro GP do ano, dia 1º de maio.
"Para cá não dava mais tempo", falou o piloto, que ontem esteve pela primeira vez no circuito japonês.
A partir da 1h da madrugada de amanhã (horário de Brasília), será realizado o primeiro treino oficial para o GP do Pacífico.
O grid de largada será definido em nova sessão, à 1h da madrugada de sábado.
A corrida, que estréia no calendário da F-1, tem largada prevista para a madrugada de domingo, à 0h30.

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