São Paulo, domingo, 17 de abril de 1994
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Temor de inflação eleva juros nos EUA

JOSÉ ROBERTO CAMPOS
DA REDAÇÃO

O grande abalo no mercado financeiro mundial vem sendo provocado pelo rápido crescimento da economia dos EUA.
Em uma atitude inédita, o banco central norte-americano (Federal Reserve Board, o Fed) adiantou-se em prevenir possíveis tensões inflacionárias, elevando duas vezes as taxas de juros de curto prazo.
Os juros dos papéis do Tesouro subiram e provocaram um realinhamento geral nas aplicações, derrubando as Bolsas e provocando grandes prejuízos a investidores que foram pegos de surpresa.
As oscilações no mercado financeiro devem prosseguir ainda por um bom tempo. Os analistas financeiros se dividem sobre os efeitos que os últimos indicadores possam produzir sobre o time do Fed.
A economia norte-americana está hoje ocupando 83,6% de sua capacidade de produção. A história passada do país diz que quando este número saltar para 85% entra-se na fronteira do aumento de preços.
Os norte-americanos –e todo o mundo– ainda se recordam da última vez em que a inflação deles superou a barreira dos dois dígitos, no governo Carter. Entre as vítimas estava o Brasil, cuja dívida se multiplicou via juros.
Desta vez, os economistas acham que haverá pressão dos preços da mão-de-obra, provocada por sua escassez, já que outro indicador, o do número de desempregados, hoje em 6,6%, aproxima-se de um outro limite, de 6,2%, considerado como de pleno emprego.
Esta taxa é tida como de desemprego residual –isto é, mesmo com a economia a todo vapor, sempre haverá gente que procura empregos, não quer arrumar um novo ou dá um tempo até arrumar outro.
Outra corrente de economistas diz que a situação mudou e que estes números não são sagrados. A incapacidade de aumentar a produção e encontrar mão-de-obra seria compensada com importações. E, argumentam, com todo o crescimento da economia, os preços ao consumidor continuam estáveis, a um ritmo anual de 2,5%.
Nas duas vezes anteriores em que o Fed reuniu seu Comitê de Mercado Aberto, elevou os juros de curto prazo. Como o mercado vive em boa parte de expectativas, as oscilações poderão continuar até o próximo encontro, dia 17 de maio.(JRC)

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