São Paulo, domingo, 17 de abril de 1994
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Saiba o que é eletrochoque

JAIRO BOUER

Saiba o que éeletrochoque

O eletrochoque ou terapia eletroconvulsiva (ECT) é um método que usa corrente elétrica de baixa intensidade por um curto intervalo de tempo para tratar alguns problemas psiquiátricos.
É aplicado, em geral, na região das têmporas e induz uma pequena convulsão que dura menos de um minuto.
Não é o choque, mas a convulsão que tem efeito terapêutico. Ela modifica a liberação dos neurotransmissores no cérebro.
Neurotransmissores são substâncias responsáveis pela comunicação entre as células do sistema nervoso.
Acredita-se que em algumas doenças o equilíbrio dessas substâncias esteja alterado e que a técnica seja capaz de reverter a situação.
A ECT ainda assusta a maioria da população e boa parte dos médicos. Sua imagem permanece ligada ao uso indevido feito a partir dos anos 40.
Aplicado "a seco"', sem anestesia, sem relaxante muscular e com carga elétrica inadequada, o método causava dor, fratura de ossos e perda da memória.
A modernização dos últimos anos deu novo crédito ao eletrochoque. Indicações mais restritas e os cuidados que cercam a aplicação garantem bons resultados.
Apesar das inovações técnicas, uma consulta à comunidade psiquiátrica de São Paulo revela que a maioria dos médicos ainda guarda a ECT como último recurso.
No Brasil, o custo de cada aplicação é de 150 URVs. O preço cobre anestesista, psiquiatra, medicações e o uso da aparelhagem.
O tratamento, para os casos graves, exige cerca de dez aplicações. Elas são feitas duas vezes por semana. Podem ser necessárias sessões de manutenção.
Sérgio Rigonatti, chefe do serviço de tratamentos biológicos do Instituto de Psiquiatria do HC, afirma que a ECT hoje é segura.
O HC adquiriu recentemente um aparelho mais moderno que permite registros da atividade cardíaca e cerebral antes, durante e após a aplicação da ECT.
O eletrochoque também é feito em ambulatório. O paciente faz a aplicação e retorna para sua casa no mesmo dia.
A ECT tem resposta mais precoce que os medicamentos. Pessoas com depressão severa e certos tipos de esquizofrenia melhoram mais rapidamente com seu uso.

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