São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Vícios

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ricardo Fiuza, afinal, fugiu. É a pizza tão anunciada e agora recebida, por alguns, como o que há de mais mais comum, mais normal, mais legal. Até o âncora Boris Casoy, que matou e enterrou ontem o bordão que queria passar o Brasil a limpo, deixou-se adoçar pelos telefonemas do pefelista e já falava em "acusações pálidas" como justificativa da decisão.
No Jornal Bandeirantes, a mesma coisa. Falavam ontem em "vícios" e não mais em crimes, com uma postura clara de quem está cuidando –agora que a moralidade está perdida mesmo– de recuperar a fonte no centro do poder. Porque o pefelista, que ninguém duvide, sai direto do escândalo do Orçamento para a articulação do novo Orçamento, deste ano.
Ao seu lado, os mais novos companheiros, do PSDB e do PMDB. Os primeiros, adquiridos com uma insistência de Fernando Henrique Cardoso em destruir a própria candidatura, fazendo qualquer negócio para ter o apoio de Roberto Marinho –através do mesmo partido de Ricardo Fiuza. Os segundos, adquiridos ontem, "esperam o troco na mesma moeda", agora para o peemedebista Ibsen.
A informação de que os peemedebistas estão aguardando um troco é do correspondente do TJ Brasil –uma informação que seu âncora preferiu ignorar. É que, como ele declarou mais para a frente, num outro comentário, "não há nada mais importante do que a revisão", no momento. Mais importante, por exemplo, do que a história de passar o Brasil a limpo.
Coincidência ou não, o líder mais destacado ontem à noite pela televisão, na grande tropa de choque de Ricardo Fiuza, foi o gaúcho Nelson Jobim, um dos incontáveis colegas éticos de Ibsen Pinheiro na bancada regional do PMDB. É o mesmo Nelson Jobim que é dado como o mais experiente advogado do Congresso Nacional. Mas que deveria estar cuidando era da revisão em que é relator.
Pizza
Por estranho, inesperado que seja, estava no Jornal Nacional, com Alexandre Garcia, antes um defensor apaixonado de seu amigo Ricardo Fiuza, a cobertura mais contida, até mais informativa da absolvição.
Talvez não seja estranho, mas estava no Aqui Agora, um outro noticiário que não tem nada de respeitável, um dos poucos registros –um outro apareceu no Jornal Nacional– à pizza, entregue ontem.

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