São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Barbara Hendricks vai visitar duas favelas no Rio de Janeiro

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A soprano norte-americana Barbara Hendricks afirmou ontem, em entrevista coletiva realizada no Hotel Ca'D'Oro, que vai visitar duas favelas domingo, no Rio de Janeiro.
Uma das maiores cantoras líricas da atualidade, Hendricks se apresenta somente hoje, no Teatro Municipal de São Paulo, acompanhada do pianista sueco Staffan Scheja.
"Apesar da curta estada no Brasil, fiz questão que a organização suíça La Terre des Hommes, que eu conheço bem, me providenciasse a visita às favelas, onde quero observar especialmente a situação das crianças", disse a soprano norte-americana.
Militante de causas humanitárias, Hendricks pertence ao Alto Comissariado para Refugiados da ONU. "Procuro realizar um projeto em cada país que canto, e como no Brasil a situação das crianças é muito trágica, obtive de meus patrocinadores a possibilidade de fazer uma doação no valor de US$ 8 a US$ 10 mil".
Ela espera dar continuidade a esse apoio, e brincou: "Se eu cantar bem, quem sabe possam aumentar esse valor". Hendricks já cantou em Sarajevo, em 31 de dezembro do ano passado. "Foi a platéia que mais me emocionou", afirmou, referindo-se ao povo vítima da guerra.
"Cantei junto com músicos famintos e passando frio. Num mundo como o nosso, não é possível deixar de usar a música para contribuir com causas que possam diminuir o sofrimento da humanidade", disse.
Bem-humorada e muito simples, Hendricks recebeu a imprensa vestindo um tailleur amarelo. Durante sua apresentação em São Paulo, ela vestirá roupas criadas especialmente para ela pelo estilista Gianfranco Ferré, desenhadas para a maison Christan Dior, que patrocina o concerto brasileiro, junto com o Banco Francês e Brasileiro.
Hendricks cantará canções de Mozart, Schubert, Strauss, Poulenc, Chausson, Bizet e Montsalvatge. Os ingressos estão esgotados. No momento, ela também está preparando o repertório de seu próximo disco, sobre canções de Barber e Copland.
Entre os grandes maestros com os quais trabalhou, Hendricks citou seus preferidos: Karajan, Bernstein e Giulini. Ela diz que não segue nenhumritual para cuidar da voz. "Antes de cada recital passo o dia em silêncio e praticando ioga."

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