São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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Mosley afirma que soube da morte após GP

Max Mosley, presidente da federação de automobilismo

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Max Mosley, disse ontem à Folha que o médico responsável pelo circuito de Imola o informou após o acidente de Ayrton Senna que as condições do piloto eram "muito ruins", mas não que ele tinha remotas chances de sobreviver.
Mosley viaja amanhã para Paris para comandar uma reunião de emergência da cúpula da Fórmula 1, onde serão discutidos os acontecimentos do fim-de-semana e possíveis mudanças no esporte.
Ele não quis adiantar a agenda do encontro e defendeu sua decisão de proibir o uso da suspensão ativa e monitoramento eletrônico dos carros, criticada por Senna.
As decisões devem entrar em vigor já no próximo GP, que será realizado em Mônaco, no próximo dia 15.
A seguir, os principais trechos da entrevista de Mosley à Folha.

Folha - Há suspeitas de que os diretores do GP de Ímola já sabiam que Ayrton Senna não tinha chances de sobreviver, mas retardaram a divulgação da informação para não cancelar a corrida. É verdade?
Mosley - É mentira. Eu falei com o professor Watkins (o médico do circuito que atendeu Senna logo após o acidente) e ele me disse que as condições de Senna eram muito ruins. Mas ele não podia dizer que ele ia morrer.
Folha - Alguns pilotos estão afirmando que a proibição da suspensão ativa e outros controles eletrônicos deixaram os carros de F-1 mais perigosos. O sr. concorda?
Mosley - Isto não faz sentido. Nenhuma das equipes pequenas tinha suspensão ativa e dos 12 anos sem mortes na F-1, 10 foram sem ela. Nenhuma equipe pequena jamais teve suspensão ativa.
Eu acredito que os pilotos das equipes pequenas são menos eficientes do que Senna e eles não tiveram acidentes fatais sem ela. Os acidentes deste fim-de-semana não têm relação alguma com isso.
Folha - O sr. acha que os circuitos de F-1 podem se tornar mais seguros?
Mosley - Tudo pode se tornar mais seguro. Nós fazemos o máximo possível para tornar os circuitos e os carros mais seguros todo o tempo, não só após acidentes.
O que eu posso afirmar é que nenhum piloto ou equipe me procurou para dizer que Imola é (um circuito) perigoso. E eles fizeram vários treinos lá.
Folha - Como a morte de Senna vai afetar o campeonato este ano e a F-1?
Mosley - Eu acho que ninguém pensou sobre isso ainda. Todos estão terrivelmente tristes. É algo que temos que começar a pensar agora. Ele era um piloto sensacional e vai levar algum tempo até tudo isso ser assimilado.
Folha - Está sendo planejado algum tipo de homenagem para Ayrton Senna no GP de Mônaco?
Max Mosley - Tudo isso será discutido amanhã na reunião em Paris. Todas as pessoas que organizam o GP de Mônaco também estarão presentes.

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