São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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Sugestões e palpites

THALES DE MENEZES

Cresce no mundo todo o movimento de tenistas e cartolas para a alteração das regras do esporte. Tudo isso para tentar tirar o tênis da monotonia do saque-canhão.
As sugestões pululam. Toda revista especializada que conta está saindo com pelo menos um artigo em cada edição sobre o tema.
A seguir, um apanhado das sugestões que aparecem com mais frequência nas listas divulgadas.
1ª) Aumentar a altura da rede. Com isso, os saques e os golpes de fundo de quadra teriam que fazer a bolinha descrever uma parábola mais alta sobre a rede, com menor velocidade.
Essa idéia parece de fácil execucão e é, de longe, a mais votada pelos tenistas.
2ª) Diminuir a área de saque. Daí, o tenista teria que ser muito mais preciso na colocação de seu serviço, comprometendo a velocidade do golpe.
Uma sugestão fácil de emplacar. Construtores chiam porque todas as quadras do mundo teriam que ser remarcadas. No basquete, isso já foi feito sem problemas.
3ª) Murchar as bolas. Com isso, ficam mais lentas. Pode ser que funcione, pode ser que deixe o jogo mais chato ainda.
4ª) Permitir apenas três segundos saques por game. Depois disso, o jogador iria diminuir a velocidade do primeiro saque, já que perderia o ponto se errasse.
Difícil avaliar a eficiência dessa sugestão. Afinal, enfrentar alguém como Pete Sampras, que acerta 70% ou 80% de seus primeiros saques, continuará sendo infernal.
5ª) Só permitir o uso de raquetes de madeira. Os materiais desenvolvidos nos últimos anos para a fabricação de raquetes permitiram um aumento considerável na velocidade das rebatidas.
Sem dúvida, a idéia mais absurda de todas as apresentadas. É muita ingenuidade pensar que as poderosas fábricas de raquetes vão jogar no lixo anos de pesquisa para retomar o uso da madeira, abolida há cerca de 15 anos.
Além disso, nenhum tenista amador gostaria da troca. Quem já teve a experiência de jogar com madeira –como este colunista– sabe muito bem como as raquetes atuais são uma delícia.
Na verdade, essa disussão esconde o verdadeiro problema do circuito: a superioridade absurda de Pete Sampras e Steffi Graf.
Se pelo menos mais dois ou três tenistas tivessem o mesmo nível de eficiência dessa dupla, os duelos estariam garantidos nas partidas finais dos torneios.

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