São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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Dirigentes omitiram morte de Ratzenberger

FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

Os dirigentes da Fórmula 1 omitiram deliberadamente a informação sobre o momento e local da morte do piloto austríaco Roland Ratzenberger, 31, ocorrida sábado nos treinos para o GP de San Marino, em Imola.
O resultado da autópsia realizada ontem no corpo do piloto não deixa dúvidas. Ratzenberger morreu com o impacto de seu carro no muro de concreto da curva Villeneuve, a mais de 300 km/h.
Segundo os médicos, em nenhum momento depois do choque Roland recobrou seus sinais vitais. As massagens cardíacas realizadas ainda na pista não tiveram efeito. Ratzenberger morreu no autódromo –clínica e legalmente, pela legislação italiana.
A FIA e a Foca omitiram essa informação. O corpo do piloto foi embarcado num helicóptero e transferido para o hospital Maggiore, de Bolonha.
O teatro incluiu massagens cardíacas no lado direito do peito de Roland. Oficialmente, ele morreu oito minutos depois de ser hospitalizado. Esse curto espaço de tempo, de certa forma, exime o hospital de uma suposta participação na farsa montada pelos dirigentes.
Oito minutos foi o tempo necessário para remover seu corpo do helicóptero, colocá-lo numa ambulância, levá-lo até a ala de traumatologia e subir de elevador até a unidade de reanimação.
Se fosse declarada sua morte no circuito, a Justiça Italiana interditaria imediatamente o autódromo para a abertura de inquérito.
A morte de Ratzenberger foi "transferida" para o hospital, livrando o GP da ameaça de suspensão. Se não tivesse sido enganada pela FIA e pela Foca, a Justiça da Itália poderia ter impedido a realização da prova que matou Ayrton Senna, 34, e feriu mais dez pessoas. Uma delas, um torcedor atingido por um pneu do carro de Pedro Lamy, está em coma.
(FG)

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