São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994 |
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Dirigentes são investigados
HUMBERTO SACCOMANDI
Ontem foi emitido um "avvisi di garanzia" para Federico Bendinelli, presidente da Sagis, a empresa que administra o autódromo de Imola, onde foi realizado o Grande Prêmio de San Marino. A lei italiana determina que toda pessoa envolvida num inquérito policial receba um "avviso di garanzia" (aviso de garantia), uma notificação informando que ela está sendo investigada. A suspeita contra o presidente da Sagis é de homicídio culposo. O aviso não significa que ele seja culpado, só diz que está sendo investigado num inquérito policial. A investigação está no começo. A RAI, TV estatal italiana, disse ontem à noite que o diretor da corrida e dirigentes da Williams também receberão esses avisos e serão investigados por homicídio culposo. A TV não deu nomes. Homicídio culposo significa que houve participação não intencional da pessoa envolvida na morte da vítima. Há responsabilidade, mas não intenção. Essa acusação é menos grave que a de homicídio doloso, quando é constatado que houve intenção por parte do envolvido de matar a vítima. Mesmo assim, a condenação por homicídio culposo é passível de pena de prisão, tanto no Brasil como na Itália. A inquérito está sendo conduzido pela Procuradoria da Polícia de Bolonha. Imola fica na região da Emilia Romagna, cuja capital é Bolonha. O encarregado dessas investigações é o juiz Maurizio Pazzarini. Foi ele que determinou o envio das notificações jurídicas aos dirigentes de equipe e administradores automobilísticos. O juiz Pazzarini pediu ontem à Polizia Stradale (polícia rodoviária) italiana que realize uma perícia no local do acidente. "O juiz nos delegou parte das investigações técnicas", disse ontem à Folha o comandante Altizzu, da polícia de Bolonha. Ontem mesmo a equipe de perícia técnica da polícia visitou o autódromo. Os restos da Williams de Ayrton Senna estão sob custódia policial e também serão objetos da perícia técnica. Os dirigentes automobilísticos serão investigados também pela morte no sábado do piloto austríaco Roland Ratzenberger. Ele se acidentou durante a tomada de tempo para a corrida. Nesse caso, estão implicados ainda os dirigentes da equipe Simtek, de Ratzenberger. Eles deverão receber notificações da Justiça italiana. Segundo um outro juiz de Bolonha, Francesco Pintor, o inquérito vai "reunir toda a informação útil sobre as pessoas que tinham conhecimento dos fatos". Texto Anterior: Só o diretor paralisa a prova Próximo Texto: Piloto lembra outro acidente Índice |
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