São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Ordem e Progresso

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso, ontem na televisão, lançou sua propaganda. Apareceu na CNT, na Manchete, em outras –com o disfarce legal de sempre, de ser uma convocação para os convencionais do partido.
O comercial usou imagens e fotos de épocas bem diversas –algumas delas com o político de punhos cerrados, à Collor– para sublinhar o que julga, ao que parece, serem as melhores qualidades do candidato.
Na ordem de apresentação:
"Jovem revolucionário."
"Exilado pela ditadura."
"Professor respeitado no mundo inteiro."
"Foi um dos líderes da campanha das diretas-já."
"Teve a segunda maior votação da história do Brasil."
"Como executivo, criou o plano que vai acabar com a inflação e devolveu a esperança ao povo brasileiro."
Com exceção da segunda e da terceira, todas as demais afirmações estão entre a maior boa vontade e a distorção mais descarada. Mas o pior estava no novo slogan, dos menos felizes do sempre infeliz PSDB.
É este: "Fernando Henrique presidente. Ordem no governo. Progresso no Brasil." É para lembrar os tanques nas ruas.
Caravana nos EUA

Se Fernando Henrique tenta provar aos brasileiros que foi "revolucionário", Lula faz o contrário para os americanos. Ao que mostrou a cobertura da CNN latino-americana, parece estar sendo convincente.
Na versão da rede mundial que é transmitada só para a América Latina, o petista foi elogiado e o seu esquerdismo, sempre radicalizado por aqui, foi tomado por flexível.
Mais importante, Lula já parece estar convencendo a Globo. Ontem o candidato do PT surgiu no Jornal Nacional, ao lado do banqueiro William Rhodes, conversando, sorrindo. Um igual entre poderosos.
Tanto que ganhou três vezes mais cobertura, em tempo, do que o velho favorito da Globo, o próprio Fernando Henrique. Que ontem ficou atrás de José Sarney. E pensar que o tucano cedeu tudo para ter o PFL, de olho no Jornal Nacional.
Acarajé
Não foi só Lula que ganhou espaço na Globo, mas também seu grande amigo Fidel Castro, o ditador -que já foi o diabo, em outros tempos, para a casa. Pois Fidel apareceu abraçando o próprio ACM, acompanhados de uma locução engraçada: "Provou e aprovou o acarajé."

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