São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994 |
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Movimento pede US$ 6,1 tri para indenizar descendente de escravo
CLÁUDIA TREVISAN
A estimativa do MPR é que existam no Brasil 60 milhões de descendentes de escravos. Isso significa que o Estado teria que pagar, a título de indenização, US$ 6,1 trilhões. O valor é cerca de 44 vezes superior à dívida externa brasileira. O MPR pretende apresentar uma ação declaratória na Justiça Federal hoje. A ação pedirá que a Justiça reconheça o direito à indenização, que seria requerida posteriormente em ações individuais. "Nós vamos argumentar que a situação de marginalidade vivida hoje pelos descendentes de escravos foi provocada pela forma como se deu a Abolição", explica Fernando Conceição, coordenador do Núcleo de Consciência Negra na USP e integrante do MPR. Segundo Conceição, quando extinguiu a escravidão, o Estado brasileiro não deu qualquer amparo aos ex-escravos. "Eles não tinham terra, casa, emprego ou escolaridade", afirma. O valor de US$ 102 mil por descendente é resultado de um cálculo que leva em conta o número estimado de escravos que veio para o brasil (5 milhões), o número médio de anos trabalhados por cada um (15 anos) e a renda média anual de trabalhadores do primeiro mundo (US$ 10 mil). Conceição diz que considerou os salários do Primeiro Mundo porque foram os países europeus que patrocinaram o tráfico de escravos. Apesar de o Brasil não conseguir saldar sequer sua dívida externa, Conceição considera possível o pagamento da indenização de US$ 6,1 trilhões. Texto Anterior: Estudo sugere carga horária escolar maior Próximo Texto: Festa em PE só aceita negros Índice |
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