São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Projeto busca transparência

DO EDITOR DO PAINEL S/A

"Estamos abrindo o capital para provocar transparência na empresa", diz Luiz Fernando Levy, instalado em sua sala no novo prédio, na zona sul de São Paulo.
O edifício alugado pertence ao fundo de pensão da Sistel (Telebrás), mas Levy diz que não há relação com a abertura do capital.
"Tínhamos uma empresa voltada para fazer um produto de boa qualidade, mas ela estruturalmente não estava voltada para o negócio. Isso está mudando", diz.
"Estamos fazendo um aumento de capital de 16% em ações preferenciais, sem direito a voto. Não estão em jogo as ações ordinárias nem a independência editorial do jornal", diz.
"No caso de empresas de comunicação, 70% do capital têm que estar em ações ordinárias. Ou seja, estamos falando de 16%, dos quais cerca de 13% estão nas mãos de sócios privados".
Entre esses sócios, figuram os grupos Itaú, Bamerindus, Odebrecht, Itamarati, Pão de Açucar, Gradiente, Villares, Votorantim e Ultra.
Segundo Levy, esses grupos não participam do Conselho Editorial. "O mesmo vai acontecer com os fundos de pensão".
Eles poderão vir a ter um assento no Conselho de Administração e no Conselho Fiscal.
"A legislação eliminou a possibilidade de fazer aumento de capital com os atuais acionistas. Fui procurado por grupos que sabiam das dificuldades que nós tínhamos na parte financeira, mas eles queriam comprar a empresa ou mandar. Eu não estou a fim de ceder isso para ninguém", diz.
"A Constituição veda a participação de pessoas jurídicas no capital social de empresas jornalísticas. De repente, por absouto acaso, voltando de um contato com a Abrapp, descobri que a composição jurídica dos fundos abre uma possibilidade", diz.
"A administradora dos fundos não é sócia dos fundos. Os sócios são os funcionários. Com isso, descobri que através dos fundos eu chegava às pessoas físicas brasileiras, sem furar a Constituição".
"Esse é o ovo de Colombo. O espaço está aberto para todas as empresas do setor que tiverem projetos viáveis, consistentes", diz.
Levy diz que havia resistências dos fundos de pensão: "Eles tinham medo de se envolver, achando que outros veículos fossem dar paulada. Temiam que qualquer jornal inviável também reivindicasse essa capitalização".
Segundo Levy, "todos os dados mostram que se a Gazeta Mercantil não tiver despesas financeiras, ela é rentável".
Levy diz que vai substituir um credor a quem paga 40% ao ano de juros por um sócio a quem pagará 6%. "E pago como dividendo, não como custo financeiro".

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