São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Piloto bate a 240 km/h em Mônaco

ANDRÉ LAHOZ; CLÓVIS ROSSI
ENVIADOS ESPECIAIS A MÔNACO

O piloto austríaco Karl Wendlinger saiu do túnel que faz parte do circuito de Mônaco a 240 km/h, bateu no guard-rail e entrou em coma profundo, estado que se mantinha até a noite de ontem.
Wendlinger, 25, dirigia um Sauber. Participava, na hora do acidente, dos treinos livres para o GP deste domingo.
Foi o quarto acidente grave na Fórmula 1 em duas semanas. Em Imola (Itália), morreram o brasileiro Ayrton Senna e o austríaco Roland Ratzenberger.
"O prognóstico é extremamente sério e tudo depende do que vai acontecer nas próximas horas", resumia o médico Dominique Grimaud, do hospital Saint-Roch, de Nice (a 25 km de Mônaco), para onde ele foi transferido.
"Não sabemos se ele sobreviverá", reforçava o porta-voz do hospital, Robi Quet, na última informação oficial dada à noite.
Os pais do piloto viajaram da Áustria para Nice, ao saberem do acidente pelo noticiário da TV.
O primeiro boletim do hospital, às 15h50 (10h50 em Brasília), dizia: "O piloto está há duas horas no serviço de unidade intensiva. Seu estado é estacionário e ele está sendo submetido a um check-up médico e radiológico".
Menos de uma hora depois, às 16h45 (11h45 em Brasília), um segundo boletim trazia a avaliação inicial de Grimaud:
"Traumatismo craniano grave, prognóstico vital em jogo. A família do piloto pede que a maior discrição seja observada."
Tudo no acidente de Wendlinger parecia um teipe dos choques ocorridos em Imola.
Wendlinger acelerou o Sauber-Mercedes ao limite no túnel, o ponto mais veloz do circuito.
À saída, existe a chicane (modificação no traçado da pista para reduzir a velocidade). Foi aí que ele bateu, de lado.
O carro praticamente rachou e o piloto foi retirado desacordado, embora com os olhos abertos.
Recebeu ainda na pista uma injeção intravenosa e 15 minutos de tratamento antes de ser removido para o hospital em Mônaco.
Wendlinger não sofreu fratura alguma, mas o capacete "visivelmente tinha marcas (da batida)", conforme o depoimento do piloto francês Erik Comas.
Ao bater, Wendlinger sofreu o edema (coágulo) cerebral.
Grimaud diz que "há risco de complicações", mas não quis ser específico à Folha.
A equipe Sauber informou que o exame do carro por telemetria nada indicou que apontasse falha mecânica. Mostrou apenas que ele freou 13 metros após a brecada no mesmo ponto na volta anterior, informou a escuderia.

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