São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Raia prova que gostosona também é CDF

ZECA CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Espetáculo: Nas Raias da Loucura
Onde: Teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2.823, tel. 883-4475, região central)
Quando: estréia amanhã, às 21h30; de quarta a sábado, às 21h30, domingo, às 19h
Ingressos: preço não fornecido

Cláudia Raia está piorando. Ela mesmo diz, já completando que é para melhorar. Na verdade, o que está pior nela é a obsessão de perfeição, nem que seja para parar "Nas Raias da Loucura", seu novo show que estréia amanhã em São Paulo, onde até o xixi é controlado.
"Se der vontade de fazer no show, não sei o que acontece", diz a atriz e bailarina, que chega até a balancear a quantidade de água de coco que consome durante sua performance. Disso, ela passa para água mineral, em mais uma medida para controlar sua bexiga.
O que Cláudia está deixando claro é que antes de ser a gostosona, ela é uma CDF. "A palavra-chave é `repetition' (ensaio)", diz ela gastando seu francês. E ela andou repetindo muito, especialmente a xula, uma dança masculina do sul do país, que ela apanhou para aprender.
É, pode esperar de xula a maculelê nesse seu espetáculo –e mais dança flamenca, can-can, outros ritmos brasileiros. Volta ao mundo em 20 quadros, 35 trocas de roupa e algumas perucas? A intenção nem é essa. "Nas Raias da Loucura", com sua colagem de esquetes, saiu do simples exercício de criação livre do trio Raia, Abreu e Fernando.
Abreu, claro, de Silvio de Abreu, autor do texto e criador do do espetáculo junto com Fernando, ou melhor, Jorge Fernando, que diz: "Perdemos o medo do ridículo". Se "Não Fuja da Raia" já mostrava sinais de insanidade cênica, "Nas Raias" promete absurdos maiores.
Mas o trio só chegou a esse estado "kitsch-zen" depois de um duro processo de compreender porque a crítica detestava tanto o espetáculo anterior e o público lotava os teatros onde Cláudia se apresentava. Livres dessa preocupação, eles agora fazem o que querem para se divertir.
Cláudia agora está a fim de rir de tudo –menos de política. Ainda traumatizada do seu envolvimento nas últimas eleições presidenciais, ela desabafa: "Não dá nem para fazer graça".
Só que comentários políticos não devem fazer falta em "Nas Raias", que tem de número de platéia a coxias escancaradas, "para mostrar meu sofrimento com as trocas de roupa", diz ela. Se ela está mais magra que o ideal de beleza do brasileiro, isso não a preocupa. "Meu homem não acha", explica, numa referência a seu atual marido, o ator Edson Celulari. Vai ver o que você acha.

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