São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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I Solisti Aquilani domina repertório eclético

WILLIAM LI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O prestigiado conjunto italiano I Solisti Aquilani apresentou-se anteontem à noite no Teatro Municipal, com o patrocínio do Banco Itaú e da Votorantim e promoção do Mozarteum brasileiro. O conjunto, formado por Vittorio Antonellini em 1968, é especializado em música clássica e romântica e tem se apresentado nas mais importantes salas de concerto da Europa, América, Ásia e África.
No programa de estréia do dia 11, eles apresentaram um repertório eclético: classicismo na primeira parte e romantismo e modernismo na segunda. O concerto abriu com o "Divertimento em ré maior K. 136" de Mozart e desde então pode-se notar as qualidades do conjunto: equilíbrio, harmonia, afinação e uma perfeita caracterização do classicismo.
O andamento esteve um pouco rápido, mas deu mais vigor à obra. A segunda peça executada foi o "Concerto em ré maior para flauta e cordas" de Karl Phillip Emmanuel Bach, quarto filho de Bach e que foi o compositor oficial da corte de Potsdam. Aliás, este concerto foi composto para o rei Frederico da Prússia, que era flautista. Nele, K.P.E. Bach ainda mostra muito da influência do pai, tanto que usa ainda o baixo-contínuo e a oposição barroca na alternância entre "tutti" e solos.
A interpretação de Mario Ancillotti foi correta e eficiente e, no último movimento, um "presto" agitado e emocionante, pleno de vigor e energia, ele demonstrou um virtuosismo surpreendente. Antonellini conduziu o conjunto com entusiasmo e desenvoltura.
Na segunda parte do programa, tivemos a música romântica e contemporânea. Foi apresentada a "Fantasia Pastoral Húngara" de F. Doppler (1821-1883), melancólica e triste, com traços de música indiana. Aqui, a orquestra mudou completamente de temperamento e adaptou-se perfeitamente ao caráter da música romântica. Mario Ancillotti, muito aplaudido, deu de bis a "Bandinerie" de Bach.
Em seguida, apresentaram a "Suíte de A Floresta Encantada" (1958), de M. Di Bari, que lembra muito Bela Bartók. Enfim, foram apresentados a "Fantasia sobre temas de `La Sonnambula' de Bellini" para contra-baixo e cordas, com solo de Massimo Giorgi, e o "Grand Duo Concertante" para viola e contrabaixo.
A grande reveleção nestas obras é que solaram instrumentos que raramente o fazem (em geral, a primazia é do violino) e Giorgi conseguiu extrair um belo timbre de seu contrabaixo. Enfim, foi um concerto excelente, muito aplaudido. Tanto que a orquestra bisou três vezes, com obras de Rossini, Pezzulo e Rendine.

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