São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994 |
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FHC é vaiado e muda discurso
EMANUEL NERI; INÁCIO MUZZI; AMAURI RIBEIRO
O candidato do PSDB desistiu de ler o discurso oficial que tinha sido distribuído à imprensa. Nele, FHC atacava o "Estado mínimo" e fazia uma crítica ao neoliberalismo (leia íntegra nesta página). O PFL, aliado principal do PSDB, é o partido mais claramente identificado com as teses neoliberais. A assessoria de FHC não explicou por que ele mudou o discurso na última hora: "Ele sempre faz isso", disse a assessora Ana Tavares. Na confusão, o governador do Ceará, Ciro Gomes, discutiu e empurrou manifestantes. Fernando Henrique Cardoso chegou a ser chamado de "traidor". Tentou fazer um discurso forte para evitar os protestos. Não conseguiu. Líderes do PFL presentes à convenção criticaram a desorganização da convenção. Houve muita confusão na hora em que FHC entrou no recinto da convenção, acompanhado de seu vice, Guilherme Palmeira, e de políticos do PFL. O sistema de som foi colocado na altura máxima para abafar as vaias. Mais tarde, FHC atribuiu o tumulto a mebros do MR-8, grupo ligado ao ex-governador Orestes Quércia. Discurso Diante da confusão, FHC abandonou o texto do discurso que preparara para ler no final da convenção, chamado de "Carta de Contagem". O candidato falou de improviso e chamou de comportamento "pequeno-burguês"a atitude da Juventude do PSDB. No discurso oficial, distribuído antes pela sua assessoria, FHC criticava os que defendem a tese do "Estado mínimo"'. Oa protestos cotnra a coligação do PFL com o PSDB começaram um pouco antes de FHC chegar à convenção. O senador Mário Covas (SP) tentou convencer a Juventude do PSDB a parar com os protestos. Quando FHC subiu ao palanque, os protestos aumentaram. O governador Ciro Gomes desceu do palanque e foi para o meio dos jovens. Houve empurra-empurra. "Ele dise que ia me dar uma porrada e ia me pôr para fora", disse Antônio Lobão de Oliveira, da Juventude do PSDB do Piauí. Ele negou que seja do MR-8. O prefeito de Campinas (SP), Jose' Roberto Magalhães Teixeira, também tentou controlar o tumulto. "FHC, sem pefelê", gritavam os tucanos. "É traição, é traição", afirmavam. No final da convenção, um grupo menor de manifestantes acompanhou o candidato e cercou seu carro por quase cinco minutos. FHC se dirigia a eles levantando o punho cerrado. Denis Zimerman, da Juventude do PSDB do Rio, disse que o grupo era integrado por 270 jovens de vários Estados. Segundo Zimerman, a Juventude se reuniu ontem e decidiu apoiar a candidatura de FHCindependentemente da coligação com o PFL. "Mas queremos manifestar nosso protesto", disse. No momento das vaias, os pefelistas ficaram no fundo do palanque. Além de Guilherme Palmeira, estavam o deputado Luís Eduardo Magalhães, o senador Marco Maciel, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, o deputado Benito Gama e o ex-governador mineiro Francelino Pereira. O presidente do PTB, José Eduardo de Andrade Vieira, também estava presente. Colaboraram INÁCIO MUZZI e AMAURI RIBEIRO Texto Anterior: Sem-terra ocupam 91 áreas Próximo Texto: Íntegra do discurso que FHC não quis ler Índice |
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