São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Índio da Amazônia denuncia tráfico em reserva

ANDRÉ LOZANO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Lideranças dos índios da Amazônia decidiram pressionar a Polícia Federal e a Funai (Fundação Nacional do Índio) para que combatam o tráfico de drogas em reservas indígenas na região.
Sebastião Rodrigues Alves Manchineri, coordenador da Coiab (entidade que reúne representantes de grupos indígenas), afirmou que alguns índios estão submetidos "ao poder do narcotráfico".
Segundo Manchineri, esses índios estão sendo punidos por suas comunidades e podem perder a liberdade de deixar as reservas quando quiserem, ou mesmo serem transferidos para outras aldeias.
A decisão de combater o tráfico de drogas nas aldeias foi tomada durante a 4ª Assembléia Geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.
A assembléia da Coiab é a mais importante reunião dos povos indígenas do norte do país.
O encontro durou cinco dias. Foi encerrado na sexta-feira no parque municipal do Mindu, em Manaus (AM), e reuniu 143 índios e líderes de 75 povos.
Uma comissão de índios apurinãs denunciou que dois aviões (um monomotor e outro a jato) pousam dez vezes por dia em uma pista clandestina construída na reserva indígena de Lábrea (AM).
O líder indígena Marcelino Apurinã afirmou que há quatro anos traficantes da Colômbia e de Porto Velho (RO) aterrissam em suas terras com pequenos aviões.
"Os traficantes construíram cabanas camufladas na cabeceira da pista", afirmou Apurinã.
Segundo ele, no intervalo das viagens dos aviões, a droga fica escondida nos barracões.
O cacique apurinã Diogo Matias de Souza disse que alguns índios aproveitam quando os traficantes não estão na pista para roubar mantimentos e equipamentos.
Segundo ele, os traficantes deixam esses mantimentos com a intenção de que sejam mesmo roubados pelos índios, a fim de torná-los coniventes com o tráfico.

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