São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Ele voltou

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – Um jogo rápido. Quem ganhou, em termos eleitorais, a semana que passou? Três chances:
a) Fernando Henrique, que anunciou a fase final do seu plano econômico e que colocou enfim a campanha presidencial nas ruas;
b) Lula, que passou a semana nos EUA tentando aplainar os obstáculos que tem para chegar à Presidência;
c) ou Sarney, que começou a semana empatado com FHC nas pesquisas e ganhou do STF, quarta-feira, um presentão: os pequenos partidos podem participar da eleição.
Sarney, é óbvio. A decisão do STF de permitir a participação dos nanicos é o fato novo nesta campanha e beneficia principalmente o ex-presidente.
Seu crescimento nas pesquisas o transformou na melhor alternativa eleitoral para o governo Itamar e para o PFL no caso do fracasso da candidatura do PSDB.
Mas havia obstáculos quase intransponíveis dentro do PMDB. No início do ano, Sarney já tinha tentado deixar o partido, numa manobra desastrada que o obrigou a recuar de forma humilhante.
Agora teve de abandonar as prévias para a escolha do candidato do PMDB por saber de antemão que perderia para Orestes Quércia. O STF lhe abriu um novo caminho.
A decisão do Supremo adia a consolidação do quadro eleitoral, que ia se definir neste fim-de-semana com a prévia do PMDB.
Lula, FHC, Brizola e provavelmente Quércia terão que aguardar nova manifestação do STF, marcada para quarta-feira, que decidirá se reabre o prazo de filiação.
Se o prazo for reaberto, os candidatos já lançados terão de esperar os próximos passos de Sarney: sua decisão de disputar ou não a Presidência, as negociações que abrirá com os pequenos partidos, as alianças formais e infomais que fará com setores dos grandes partidos, o tempo de TV que terá.
As pesquisas já mostraram que ele tira voto tanto de FHC como de Lula.
Para quem o imaginou politicamente morto há cinco anos, quando deixou o governo escorraçado, até que o ex-presidente está dando trabalho. Está atrapalhando a vida de todo mundo.

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