São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994 |
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`Agora Inês é morta', diz FHC
EMANUEL NERI
"Eles agora perceberam que (o plano) vai dar certo e resolveram embutir alguma coisa", afirma, sobre a proposta alternativa do PT ao Plano Real. "Agora Inês é morta. Já está tudo feito", diz. A seguir, trechos da entrevista: Folha - O PT está apresentando uma proposta alternativa ao seu plano econômico. Fernando Henrique Cardoso - Não, não é alternativa ao meu plano. Eles estão pegando carona em um plano que está em marcha e propõem uma técnica diferente para a questão do lastreamento (garantias para a moeda). Eles agora perceberam que vai dar certo e resolveram embutir alguma coisa. Só que essa proposta é um artigo feito pelo Paulo Nogueira Batista Júnior. O plano já foi estudado, mas é muito pouco prático. Já foi feito na Alemanha e não funcionou direito. O PT está querendo tapar o buraco porque eu disse que eles não tinham nenhuma proposta. Folha - Qual a diferença entre o seu plano e a proposta do PT? FHC - É de como lastrear (a moeda). Nós não estamos fazendo nenhuma dolarização. O governo vai decidir a ancoragem cambial –tem muitas alternativas. Como lastrear? Só com moeda? Com parte do patrimônio público? Folha - Lula disse que o sr. não o convidou para discutir o plano na fase de elaboração e quer discutir o plano pronto. FHC -Ele não podia dizer isso. Ele esteve em minha casa e discutiu comigo. Foi na fase de discussão do plano no Congresso. Junto com o Mercadante. Eu quero saber qual é a proposta (do PT) de controle da inflação diferente da que nós fizemos. Desde que assumi a Fazenda venho elaborando as condições para acabar com a inflação. E o tempo todo o PT foi contra. Folha - Mas se o PT apresentar proposta positiva o sr. recomendaria ao ministro Ricupero que ela fosse incluída no plano? FHC -Do PT só, não. De todo mundo. Só que agora Inês é morta. Já está tudo feito. O pessoal quer pegar carona e é tarde. Agora é aceitar as consequências. Folha - O sr. aceitou as sugestões de Antônio Carlos Magalhães para mudar a campanha? FHC -Algumas daquelas sugestões já estavam sendo feitas. Foram sugestões motivadoras. Foram positivas. Folha - ACM sugeriu mudanças no discurso e o sr. tem falado termos como "lero-lero". É um novo palavreado em seu discurso? FHC -Não tive em mente isso. Quando se faz um discurso no Senado, a linguagem é uma. Numa convenção, é outra. Quando se conversa, a linguagem é mais direta, mais franca, mais coloquial. Eu sou uma pessoa coloquial. Texto Anterior: FHC promete ferrovia e leite para obter apoio de Sarney Próximo Texto: "PSDB parece um gay no armário" Índice |
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