São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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Partido vai dividido para a convenção

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A folgada vitória de Orestes Quércia na prévia do PMDB e a provável homologação de sua candidatura na Convenção Nacional escondem a realidade de um partido rachado.
Os 354 convencionais do PMDB devem discutir hoje o novo programa partidário. Amanhã, deve haver a proclamação do candidato a presidente, a eleição do candidato a vice-presidente e a deliberação sobre coligações partidárias.
Um dos desafios de Quércia será unir o partido em torno do seu nome. Ele obteve 79% dos votos válidos da prévia, realizada dia 15. Mas o índice de abstenção ficou em 52%.
A alta abstenção foi interpretada como um sinal claro da desmobilização da maioria do partido.
O principal motivo da apatia do PMDB são as denúncias sobre o suposto envolvimento de Quércia em irregularidades administrativas, na época em que governou São Paulo.
A cúpula do partido acha difícil sustentar um candidato que fará campanha na defensiva. Avalia-se que o êxito da campanha depende em parte do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Se o tribunal aceitar a denúncia no caso da compra de equipamentos israelenses, a candidatura de Quércia pode ser sepultada.
A oposição à candidatura Quércia conduz à desmotivação do PMDB em alguns Estados e à dissidência em outros.
A cúpula do PMDB de Minas Gerais, por exemplo, queria o deputado Antonio Britto (RS) como candidato do partido à Presidência.
Com a desistência de Britto e, depois, do senador José Sarney (AP), os mineiros elegeram Quércia na prévia, mas a abstenção ficou em 70%. O problema de Minas é grave por tratar-se do segundo colégio eleitoral do país, com dez milhões de votos.
Os dissidentes não só deixarão de apoiar Quércia como também farão campanha contra ele.
O ex-governador Roberto Requião (PR), derrotado na prévia, já anunciou que poderá apoiar o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
A maior parte do PMDB gaúcho, liderado pelo senador Pedro Simon e por Britto, candidato ao governo estadual, deverá fazer campanha informal por Fernando Henrique Cardoso, da coligação PSDB/PFL/PTB.
A campanha de Quércia no Rio Grande do Sul e no Paraná irá ignorar a cúpula partidária. A idéia é trabalhar com prefeitos do interior, antigos aliados municipalistas.
Quércia já garantiu o apoio do prefeito de Pelotas, Irajá Rodrigues. Espera contar com metade dos prefeitos do PMDB gaúcho.

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