São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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PT teme efeito eleitoral pró-FHC se a inflação cair

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não esconde mais a preocupação com o possível efeito eleitoral do Plano Real. Por isso, vai intensificar o combate às medidas econômicas do governo e centrar o discurso na idéia de que "não basta acabar com a inflação".
Até agora, o PT insistia na desconfiança de que a inflação poderia não cair para um patamar suficiente para alavancar a candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Nós vamos alertar a população sobre os efeitos da queda passageira da inflação e o impacto recessivo das medidas", anunciou ontem Rui Falcão, presidente nacional do PT, durante reunião da Executiva do partido.
Falcão não admitiu publicamente que o temor principal do partido é o possível prejuízo eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva.
Afirmou que a preocupação é que a "irresponsabilidade" do governo ao gerenciar o plano acabe "engessando" uma eventual administração Lula.
"Se o câmbio ficar atrasado e houver perdas nas exportações, por exemplo, o nosso governo será prejudicado", declarou Falcão.
A proposta do PT para a terceira fase do plano só não foi divulgada ainda porque o partido espera os sinais do governo para ver se haverá uma brecha para o aumento do consumo.
Além de avaliar que a abertura imediata ao consumo causaria estragos à futura administração, o PT antevê que, junto com "uma vasta operação de marketing que vai transformar o plano em componente eleitoreiro", FHC poderá crescer. "Tudo na conjuntura tem efeito eleitoral", disse Falcão.
As idéias econômicas do PT para se contrapor ao plano serão definidas na reunião da Executiva do dia 10 de junho. "Mas o eixo político é que o combate à inflação não poder ser isolado de uma política de distribuição de rendas", declarou o dirigente petista.
Lula disse que vai "atirar uma pétala de rosa" a todos os adversários que eventualmente o agridam na campanha eleitoral.
Segunda-feira o candidato inicia sua campanha de rua em São Bernardo do Campo, seu berço político. De madrugada, faz comícios em portas de fábricas da cidade.

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