São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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Jackie ficou 25 anos sem dar entrevista

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Segundo o "Reader's Guide to Periodicals", nenhuma pessoa em toda a história teve seu nome mais vezes em jornais e revistas do que Jackie.
No entanto, ela ficou 25 anos sem dar entrevistas (de 1968, quando falou ao biógrafo de John Kennedy, Theodore White, a 1993, quando a revista profissional dos editores, "Publishers Weekly", a ouviu).
Poucas celebridades lutaram tanto quanto ela para não ter sua privacidade e a dos filhos perturbada por jornalistas ou curiosos.
Essa era uma preocupação constante de Jackie. Numa entrevista para a rede ABC de televisão em 1960, ela já dizia que, caso se tornasse primeira-dama, iria fazer tudo para preservar a família da exposição pública.
Na Casa Branca, ela mandava memorandos furiosos a Pierre Salinger, o assessor de imprensa, exigindo que ele mantivesse fotógrafos distantes dos locais em que seus filhos brincavam.
Uma das principais ocupações de Salinger era impedir que John-John e Caroline fossem incomodados por jornalistas.
Ela chegou a recorrer à Justiça para garantir sua privacidade. Quase impediu a publicação do livro "A Morte de um Presidente", de William Manchester, porque ele revelava intimidades da sua família.
Só depois que Manchester cortou alguns trechos e entregou à Justiça as fitas com suas entrevistas com ela para serem mantidas em segredo até o ano de 2067 é que ela concordou com a publicação do livro.
Ela também obteve da Justiça uma ordem para impedir que um dos fotógrafos que mais a perseguiram na vida, Ron Gallela, deixasse de seguir os seus passos como costumou fazer por anos.
Depois da morte de Onassis, Jacqueline se tornou mais reclusa do que nunca. Limitou seus encontros a uns poucos amigos e sempre se recusou a aparecer em programas de televisão ou a conceder entrevistas.
Mas o interesse do mundo por ela nunca diminuiu. Pelo menos 32 livros a seu respeito foram publicados. A maioria absoluta de seus autores nunca a viu pessoalmente. Escreveram apenas a partir de depoimentos de terceiros.
Sua morte foi como os 41 anos de vida pública desde o casamento com Kennedy: à frente de seu apartamento de 15 quartos na Quinta Avenida, com vista para o Central Park, centenas de jornalistas esperavam por alguma informação, enquanto ela mantinha até o final o desejo de permanecer apenas com familiares e amigos.
(CELS)

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