São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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A rainha dos EUA

Há na história da humanidade algumas pessoas que se tornam como que símbolos de uma determinada época, ícones que influenciam comportamentos e atitudes ou mesmo que apenas galvanizam a atenção da mídia e da população em geral. Objeto de pelo menos 32 biografias diferentes e, segundo estatísticas, o nome mais citado em revistas e jornais na história, esse é sem dúvida o caso de Jacqueline Kennedy Onassis.
Filha de um rico financista de Nova York, Jackie –como era tratada com a intimidade que se dedica aos ídolos– foi guindada ao estrelato quando seu marido, John Kennedy, elegeu-se presidente dos EUA. Jovem, bonita e sofisticada, firmou-se rapidamente no imaginário coletivo dos norte-americanos. De um lado, surgia como uma espécie de representação da nova época em que os Estados Unidos ingressavam, da busca da modernidade, da corrida para a Lua e da própria eleição do jovem Kennedy para a Presidência.
Jackie havia sido reporter-fotográfico antes de se casar, patrocinava ativamente eventos artísticos (há quem lhe conceda papel de destaque na transformação de Washington no centro cultural que é hoje), lançava roupas e penteados que eram imitados por mulheres em todo o mundo. Ao mesmo tempo, contudo, manteve sempre a imagem de férrea dedicação à família.
De outro lado, quase contraditorimente até, Jackie evocava com sua classe e refinamento imagens de um passado que os Estados Unidos nunca conheceram, e conquistou corações ao oferecer aos norte-americanos a figura mais próxima que jamais tiveram de uma rainha. Contribuiu decisivamente para a mística de "família real" que o clã dos Kennedy conquistou no país.
O único momento em que teve sua admiração colocada em xeque foi durante os sete anos de casamento com o armador grego Aristóteles Onassis. Um jornal de Nova York chegou a estampar a manchete "Jackie: como você ousou?"um dia depois da cerimônia. Mesmo cinco anos depois da morte de Kennedy, muitos norte-americanos ainda se sentiram traídos pela nova união da sua rainha.
Reconquistou sua posição, entretanto, com a determinada discrição que conduziu sua vida após a morte de Onassis, em 1975. Voltou a trabalhar, apesar da fortuna pessoal, e –como indica a grande repercussão que teve o seu encontro com Bill Clinton no ano passado– mesmo reclusa continuou a ser uma referência tanto social quanto política no país até a sua morte.

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