São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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Um pouco de história

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO – O grupo mais radical da CUT continua criando caso para Lula. Colocando-se acima da lei, alguns de seus líderes pretendem "financiar" as despesas que estão a caminho. O próprio Lula, Vicentinho e as cabeças mais sensatas fazem a divisão óbvia: cada um pode dar o que é seu. Como entidade, a CUT não pertence aos petistas. A lei é clara, mas se trata de uma lei burguesa, que deve ser violada pelos cutistas que estão em outra.
Há tempos, separando a figura e a biografia de Lula do próprio PT, acentuei a semelhança entre os métodos adotados por algumas lideranças da CUT com o nazismo. Aquela história do cofre de um dirigente assassinado é típica do período que marcou a ascensão de Hitler ao poder.
Ofereço hoje, à consideração de quem interessar possa, um curto diálogo entre Hitler e Rohm, chefe das SA (tropas de assalto). Rohm queria assaltar lojas e roubar cofres para ajudar a redenção do povo alemão. Hitler, que tinha saído havia pouco da prisão e mudara de tática, querendo tomar o poder pela via legal, ponderou: "Não pode. É contra a lei". Rohm explodiu: "A lei não foi feita por nós. Não vale nada!".
O mesmo Rohm tentou impedir qualquer tipo de aliança, zelando pela vestalidade do nacional-socialismo. É dele a frase: "As SA promoverão e manterão o triunfo do nazismo, isentas de qualquer compromisso!" (O livro de Joachim Fest está traduzido e deveria ser leitura obrigatória em campanhas eleitorais).
Sabemos como terminou. Para contentar o Exército, Hitler teve de eliminar Rohm, segundo alguns, matando-o pessoalmente, na Noite dos Longos Punhais. Para amenizar a citação: Rohm era homossexual. Foi morto numa orgia, mas não por causa dela.
Afinal, Hitler seguiria o conselho de Mussolini: "Depois da luta pela revolução, resta o problema dos revolucionários". Não estou sugerindo que Lula mate os radicais da CUT e do PT. Mas a história tem o mau gosto de se repetir.

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