São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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Ano Missionário

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

No domingo, 22 de maio, celebramos a vinda do Espírito Santo, 50 dias após a ressurreição de Jesus Cristo. Esta é a data da abertura oficial do "Ano Missionário" que será um novo Pentecostes para a Igreja no Brasil.
Em todas as dioceses será divulgada esta convocação, fazendo ecoar a palavra do papa João Paulo 2º na sua encíclica sobre a "validade permanente do mandato missionário" ("Redemptoris Missio"). A 21 de abril, os bispos, reunidos em Itaici, convidaram todos a assumir o compromisso de viver o "Ano Missionário" cujo tempo forte será o 5º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 5), que se realizará em Belo Horizonte, de 18 a 23 de julho de 1995.
Este apelo à nova evangelização visa suscitar nas comunidades do Brasil uma consciência permanente da vocação missionária como constitutiva da vida cristã. A Igreja é mistério de comunhão profunda com a vida divina trinitária e tem por missão comunicar a todos a pessoa e a obra redentora de Jesus Cristo, por meio do testemunho, anúncio e serviço.
O fruto esperado deste ano será, portanto, o crescimento do ardor pessoal de cada cristão, na vivência e na proclamação do Evangelho, enfrentando os desafios que hoje se apresentam. Quais são esses desafios?
1) Como levar a cada homem e a cada mulher, especialmente aos jovens, a mensagem de Cristo que possa saciar a sede de vida e esperança, de fraternidade, de comunhão profunda com Deus que existe em cada coração humano? Aqui, abrem-se múltiplos caminhos, desde o empenho em reavivar a fé dos que receberam o batismo, mas não praticam, até o diálogo fraterno com os irmãos de outras igrejas, grupos religiosos e com quem não tem a alegria da fé.
2) Há áreas do Brasil onde a complexidade sociocultural necessita da participação co-responsável das comunidades já organizadas e melhor servidas de agentes de pastoral. Como promover e intensificar esta colaboração missionária? O projeto "Igrejas Irmãs" já incentivou as 35 dioceses de São Paulo a trabalharem em conjunto com dioceses do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.
3) A Igreja no Brasil, que até hoje vem recebendo o apoio do zelo missionário de outros países, sente o apelo fraterno de enviar missionários brasileiros para outras regiões, além de nossas fronteiras, em especial África e Ásia. Isto deve ser acompanhado por um empenho constante de quem anuncia o Evangelho, respeitando e aperfeiçoando os valores que encontra, ao mesmo tempo em que com eles se enriquece.
4) Não menor desafio oferecem hoje as grandes cidades, marcadas pela complexidade de seus conflitos, ritmos e problemas, que tantas vezes agridem e massacram a pessoa e a família. Como viver e testemunhar a fé em Jesus Cristo no azáfama e bulício de ruas apinhadas de gente, mercados, fábricas, estações de metrô e campos de esporte.
Para responder a esses desafios, os bispos e demais participantes levantaram, em Itaici, 98 propostas que poderão ajudar as comunidades na busca de caminhos e soluções concretas.
Que o sopro do Espírito Santo renove a Igreja no Brasil para que possa, sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, crescer na comunhão e no zelo missionário a serviço da vida e esperança do nosso povo.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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