São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Assembléia elege presidente alemão

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE COLÔNIA

Os alemães assistem hoje a escolha de seu novo presidente da República, o primeiro desde a reunificação da Alemanha em 1990.
Há dez anos no cargo, Richard von Weizsãcker deixa o cargo depois de atingir o maior índice de popularidade entre os políticos.
Se o presidente não é agora tão importante quanto o chanceler federal, Weizsãecker conseguiu valorizar o cargo no papel de conciliador.
A expectativa é grande quanto ao próximo presidente, que será escolhido entre os seguintes candidatos: Roman Herzog, da coligação cristã-democrática CDU-CSU (que sustenta o governo do chanceler Helmut Kohl), o social-democrata Johannes Rau, a liberal Hildegard Hamm-Brücher e o independente Jens Reich.
Embora pesquisas indiquem que 80% dos alemães prefeririam eleger diretamente seu chefe de Estado, a escolha é sempre feita por uma Assembléia Nacional, convocada a cada cinco anos especialmente para esta função.
Este ano, a eleição será em Berlim, que voltou a ser a capital da Alemanha unificada.
O conservador Roman Herzog, 60, presidente do Tribunal Constitucional Federal, é o favorito na disputa, já que a coligação tem a maior bancada na Assembléia.
Ele é o segundo candidato da CDU-CSU. O primeiro foi o ministro da Justiça da Saxônia, Steffen Heitmann, um alemão-oriental, onde vem perdendo popularidade desde a reunificação do país.
Heitmann, porém foi obrigado a abandonar sua candidatura, depois de ter dado uma série de declarações infelizes sobre o passado nazista alemão, sobre conflitos étnicos e sobre o papel da mulher.
Jurista ligado à igreja protestante e influenciado pelo pensamento cristão, Herzog é um dos maiores conhecedores do Direito e da Constituição alemã. Mas é desconhecido da população.
Johannes Rau, 63, há 15 anos ministro-presidente do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, é o candidato mais popular e com a imagem de político honesto.
Seria eleito com larga vantagem sobre os demais, se o pleito fosse direto. Mas o partido, o Social-Democrata, só conseguirá elegê-lo com o apoio de outras bancadas.
A candidatura de Hildegard Hamm-Brücher, 73, foi lançada pelo Partido Liberal Democrático.
O FDP, que apóia o governo Kohl, foi contra a candidatura Heitmann e lançou a de Hamm-Brücher. Os liberais –cuja bancada pode definir a eleição– estão divididos, já que o candidato da coligação agora é outro.
O biólogo Jens Reich, 55, com menos chance, foi lançado candidato pelo chamado "círculo frankfurtiano", dos qual faz parte o antigo líder estudantil Daniel Cohn-Bendit.
Defensor dos direitos civis na antiga Alenmanha Oriental e único concorrente dessa região, Reich é o candidato dos intelectuais. Não encontra muito apoio na população, nem na Assembléia Nacional.

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